Título: Conselho tentará mudar análise de denúncias
Autor: Vasconcelos, Adriana e Lima, Maria
Fonte: O Globo, 14/09/2007, O País, p. 10

DEPOIS DA ABSOLVIÇÃO: Duas representações podem ser juntadas em uma, e discussão sobre voto também voltará.

"Colocaram o presidente na forca e esqueceram de tirar o banquinho; então, ele ainda está na forca", diz Tuma.

BRASÍLIA. O recomeço da novela Renan Calheiros (PMDB-AL) está marcada para a próxima terça-feira no Conselho de Ética. O debate inicial será pela necessidade de aprovação de um regimento para o órgão, para evitar novas discussões sobre o voto aberto ou fechado. Ontem os relatores derrotados da primeira representação, Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS), protocolaram na secretaria do Conselho uma proposta de regimento interno, com voto aberto.

O presidente do Conselho, Leomar Quintanilha(PMDB-TO), disse que na primeira sessão, depois da absolvição de Renan, deverá consultar os líderes partidários sobre a conveniência de juntar as duas últimas representações contra o presidente da Casa numa única investigação, tendo em vista que o primeiro processo foi muito demorado.

A idéia é juntar num processo só duas investigações contra Renan: a representação do PSDB e do DEM, que solicita a investigação sobre a denúncia de que Renan teria usado laranjas na compra de uma emissora de rádio e um jornal em Alagoas, em parceria com o usineiro João Lyra; e outra, do PSOL, sobre denúncia de que Renan era beneficiário de um esquema de arrecadação de recursos públicos em ministérios comandados pelo PMDB.

A proposta de ajuntamento é defendida tanto por Aloizio Mercadante (PT-SP) como pelo tucano Álvaro Dias (PR). Isso levaria Renan a passar por mais duas votações no Conselho, em vez de três.

- Pensei em dar tratamento diferenciado às representações. Mas, embora as acusações sejam diferentes, o objeto das denúncias é um só. Talvez seja melhor juntar as novas representações, pelo menos a terceira e a quarta, que ainda não foi apreciada pela Mesa Diretora - adiantou Quintanilha.

Senador petista deve propor arquivamento

Só ficaria de fora a segunda representação, também apresentada pelo PSOL, que se refere à suposta interferência de Renan junto a órgãos federais para negociar dívida de R$100 milhões da Schincariol. Isso porque o relator desse caso, senador João Pedro (PT-AM), promete apresentar seu parecer já na próxima semana. Tudo indica que o petista deverá propor o arquivamento do processo, sob a alegação de que o assunto já está sendo investigado pela Câmara e que a denúncia se refere a um negócio privado entre uma empresa particular e um deputado, Olavo Calheiros (PMDB-AL), irmão de Renan.

- Tenho a impressão que a segunda representação terá vida curta - adiantou o presidente do Conselho de Ética.

A denúncia sobre a suposta sociedade de Renan com João Lyra foi investigada preliminarmente pelo corregedor-geral do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), que alertou: Renan escapou da primeira, mas ainda "está com a cabeça na forca".

- Colocaram o presidente na forca e esqueceram de tirar o banquinho, então ele está na forca ainda - ironizou Tuma.

O lider do PSDB, Arthur Virgilio (AM), respondendo a Tuma, mostrou descrença quanto à possibilidade de as outras denúncias resultar em cassação.

- O dia de tirar o banquinho era ontem. Agora já passou - disse Virgílio.