Título: Rendimento vai diminuir
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 29/03/2009, Economia, p. 25

Além da elevação dos saques, o Fundo de Garantia vai sofrer com a queda da rentabilidade de suas aplicações financeiras, justamente de onde são tirados os recursos a fundo perdido para bancar o subsídio da casa própria. Pela regra em vigor, excepcionalisada na última reunião extraordinária do Conselho Curador que aprovou os recursos para o pacote habitacional do governo, o FGTS podia gastar em subsídio até R$ 2,6 bilhões. Foram aprovados R$ 4 bilhões, com a previsão de mais R$ 8 bilhões para os dois anos subsequentes. ¿Garantir só os recursos necessários para este ano foi uma decisão cautelosa do Conselho¿, disse um dos participantes.

Se dar subsídio é retirar patrimônio na veia, como classificou um dos membros do Conselho Curador, elevar o orçamento para financiamento também é uma medida arriscada. Só para habitação, o orçamento do FGTS para 2009 mais que dobrou, passando de R$ 8,4 bilhões para R$ 19 bilhões. Para sustentar o pacote habitacional do presidente Lula esse orçamento terá que ser replicado pelos próximos dois anos. O dinheiro para o crédito habitacional volta, só que a velocidade do retorno é bem mais lenta que o da liberação, pois os futuros mutuários pegam financiamento para quitar em cerca de 20 anos.

Por causa do cenário ainda nebuloso da economia, o Conselho Curador do FGTS só deve analisar na reunião de maio a autorização para que os trabalhadores possam usar até 10% do saldo das suas contas vinculadas em aplicações no FI-FGTS. O investimento é uma forma de assegurar uma rentabilidade maior para o trabalhador, a exemplo do que foi feito no passado quando foi permitida a compra de ações da Petrobras e da Vale do Rio Doce. Mas também pode significar um saque da ordem de R$ 7 bilhões no Fundo de Garantia. (VC)