Título: Lula exalta conquistas na economia
Autor: Paul, Gustavo e Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 14/09/2007, Economia, p. 27

Presidente admite, porém, que país pode crescer menos devido à crise dos EUA.

COPENHAGUE e BRASÍLIA. Ainda que mais uma vez tenha se mostrado desafiador em relação à crise do crédito imobiliário nos EUA, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou comemorações ontem em seu primeiro comentário sobre o resultado do PIB (conjunto de bens e serviços produzidos no país), divulgado na quarta-feira. Em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro da Dinamarca, Anders Rasmunssen, Lula citou uma série de indicadores para reafirmar sua crença na saúde do mercado brasileiro.

- Criamos uma política macroeconômica que tornou o Brasil menos vulnerável, com mais solidez e uma relação comercial diversificada. Temos inflação baixa, um PIB crescendo razoavelmente bem. Não sabemos até onde vai a crise americana, mas alguns especialistas falaram que o Brasil vai diminuir no máximo 0,3% do crescimento do PIB. Não é como antes, quando bastava os EUA tossirem para o Brasil pegar pneumonia -- afirmou o presidente.

O PIB trimestral avançou 5,4% em relação ao período de abril a junho de 2006, o melhor resultado da economia brasileira em três anos.

As atenções do presidente, porém, estavam voltadas para o verdadeiro road show do etanol, que se encerra hoje na Noruega. Em pronunciamento no palácio do governo dinamarquês, Lula saudou a assinatura de um memorando de entendimento em política energética entre empresas dos dois países para produzir bioetanol a partir do bagaço de cana-de-açúcar. E voltou a fazer uma defesa apaixonada dos biocombustíveis.

- O aquecimento global está produzindo desastres que não escolhem classe social. A tsunami pega mesmo é quem está perto da praia e nós temos que adotar novos padrões de consumo energético.

IBGE informa ministro que agricultura crescerá 6,5%

Rasmunssen, por sua vez, falou da importância do relacionamento do Brasil como parte de um novo plano estratégico da Dinamarca para a América Latina. E se disse bem impressionado com a política energética brasileira, o que o levou a abraçar a causa do etanol, ainda que haja divergências no próprio governo dinamarquês por causa das preocupações com uma possível competição entre o cultivo de cana e o de alimentos. A ministra do Meio Ambiente, Connie Hedegaard, é uma das vozes contrárias.

A Dinamarca quer que os biocombustíveis respondam por 5,75% do consumo pelo setor de transportes, em 2010.

No Brasil, o IBGE informou ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que a perspectiva de crescimento do setor para o fim do ano é de 6,5% e que nos últimos 12 meses está em 6,6%. Ontem Stephanes estranhou o fraco resultado da agricultura, de apenas 0,2% no trimestre, na comparação com o segundo trimestre de 2006. Ele questionou a metodologia da instituição e exigiu explicações dos técnicos.

COLABOROU Gustavo Paul