Título: Greve dos Correios afeta entregas em 8 capitais
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 14/09/2007, Economia, p. 29

Empresa diz que 15 mil funcionários pararam ontem. Segundo federação, cerca de 75 mil aderiram ao movimento.

BRASÍLIA. Cerca de 15 mil funcionários dos Correios entraram em greve ontem, afetando a entrega de cartas em oito capitais, entre elas Rio e São Paulo, segundo balanço divulgado pela empresa. Já a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) estimou que 70% dos 108 mil servidores (cerca de 75 mil) aderiram ao movimento em 23 estados e no Distrito Federal. À noite, sindicalistas se reuniram com a diretoria dos Correios em Brasília, mas não havia acordo até as 20h.

O secretário-geral da Fentect, Manoel Antoara, disse que 27 dos 33 sindicatos ligados à federação aprovaram a paralisação. Eles reivindicam reajuste de 40% a 47%, mais acréscimo de R$200 por mês para toda a categoria. Apenas dois sindicatos de Minas Gerais e o do Espírito Santo rejeitaram a greve. Os demais ainda farão assembléias.

- O governo Lula deu uma recuperada significativa no salário dos trabalhadores. O problema é que nossos salários são muito baixos - disse Antoara.

Correios dizem que agências funcionaram no país

Segundo ele, cerca de 75 mil trabalhadores cruzaram os braços, paralisando 90% das atividades da área operacional. Os Correios, porém, informaram que todas as 12.329 agências funcionaram normalmente em todo o país, o mesmo ocorrendo no setor de transporte de cargas, que movimenta 3.300 toneladas por dia. A empresa considera que a paralisação afetou parcialmente o setor de distribuição, em que 16,96% dos funcionários teriam aderido à greve.

A Fentect informou que o piso salarial dos carteiros é de R$524 mensais, além de terem benefícios como vale-alimentação e plano de saúde. Segundo os Correios, a categoria já recebeu reajustes de 103% no governo Lula, contra 46,8% de inflação. A contraproposta oferecida pela empresa prevê aumentos de 4,36% a 11,2%. Segundo a Fentect, é a terceira greve no governo Lula. As duas primeiras ocorreram em 2003 e 2005. A de 2003 foi a mais longa: durou sete dias.