Título: Empresários paulistas se mobilizam para tentar evitar prorrogação da CPMF
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 15/09/2007, O País, p. 4

A POLÊMICA DO IMPOSTO: Protestos estão sendo organizados no interior de SP.

Em frente à Fiesp, foi instalado painel que mostra o voto de cada parlamentar.

SÃO PAULO. O empresariado paulista está se mobilizando contra a decisão do governo federal de prorrogar a CPMF. As principais entidades representativas da indústria e do comércio estão envolvidas numa campanha para tentar convencer o Congresso a impedir a manutenção da contribuição. Além de painel eletrônico com a posição dos parlamentares, instalado em frente à Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), na Avenida Paulista, segunda-feira será inaugurada linha telefônica gratuita (0800 770 3112) para receber manifestações da sociedade contra o chamado "imposto do cheque".

Os empresários também criaram o endereço eletrônico www.contracpmf.com.br, e já coletaram 1,2 milhão de assinaturas para encaminhar ao Congresso. No interior paulista, estão promovendo panfletagens e atos públicos. Hoje, Campinas vai sediar protesto.

Placar na Paulista mostra votação de parlamentares

Ao longo da próxima semana, o movimento poderá ganhar corpo, segundo a Fiesp, que se aliou a cerca de 300 entidades para fazer a campanha, cujo objetivo é reunir todos os segmentos da população. Já a CUT e a Força Sindical continuam silenciosas sobre o tema. Ontem, procuradas pelo GLOBO, não quiseram se manifestar. Na Avenida Paulista, o placar montado na Fiesp indicava a posição de 443 parlamentares indecisos, 102 contra e 49 a favor, listando o nome de todos.

- A sociedade brasileira, que já arca com uma das maiores cargas tributárias do planeta, sem receber do governo serviços essenciais na mesma proporção, não aceita mais aumento de impostos. Recriar a CPMF é não respeitar a vontade do povo - disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, por meio de sua assessoria, ao comentar a aprovação da prorrogação da CPMF na comissão especial da Câmara, ontem de madrugada.

Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo, que integra a campanha, irritou-se com a decisão da comissão especial da Câmara, que aprovou a proposta de emenda constitucional:

- Estou muito desconcertado com tudo o que está acontecendo no país. Parece que nós, a população, estamos em um país muito distante daquele dos nossos parlamentares. O que era uma ajuda para melhorar a saúde não melhora e agora é reeditado, sem argumentação factível. Fico estarrecido, os parlamentares parecem surdos ao clamor popular.

Skaf também tem criticado a iniciativa do governo de incluir no Orçamento de 2008 o montante a ser recolhido com a CPMF, estimado em R$39 bilhões, mesmo sem a aprovação da emenda. Para este ano, a expectativa é de arrecadar R$35 bilhões, 9% a mais do que em 2006. Antigo aliado do presidente Lula, Skaf argumenta que precisa haver melhor gestão do dinheiro público:

- Recolhemos 1,2 milhão de assinaturas da sociedade, que não quer mais esse imposto, e os parlamentares estão no Congresso para atender às necessidades do povo brasileiro. Vamos divulgar a posição de cada um, para que a população julgue.

Para Fiesp, desgaste do Congresso vai aumentar

Se depender da Fiesp, o desgaste do Congresso com a absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vai aumentar com a prorrogação da contribuição:

- A indignação popular, que já é grande com o desfecho do caso Renan Calheiros, aumenta diante da vontade expressa do governo de recriar o tributo - disse Alexandre Serpa, diretor do Departamento de Ação Regional da Fiesp, que coordena 51 regionais no estado. Segundo ele, a regional da Fiesp em Campinas já coletou mais de cinco mil assinaturas até quinta-feira:

- Esse número deve superar 20 mil adesões sábado (hoje), no ato público que vamos realizar com representantes de dezenas de outras entidades.