Título: Mudança em Congonhas vale a partir de hoje
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 15/09/2007, O País, p. 10

CRISE AÉREA: Segundo Ministério da Defesa, com chuva, pista principal funcionará com restrições ainda maiores

Anac dá prazo até esta madrugada para empresas aéreas apresentarem cálculos adaptados para pistas mais curtas

BRASÍLIA. As companhias aéreas que não adequarem as configurações de seus aviões às novas exigências para pousar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, que teve as pistas encurtadas para permitir a criação de uma área de escape, estão impedidas de operar no aeroporto a partir de hoje.

Num comunicado de ontem, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) deu às empresas prazo até as primeiras horas deste sábado para que sejam enviados ao órgão os cálculos referentes ao desempenho e performance da frota, de acordo com o novo tamanho da pista. No documento, a Anac informou que os técnicos terão que aprovar a metodologia utilizada nesses cálculos.

"As empresas que não enviarem os cálculos até a madrugada de sábado (15/09/07) ou que não tiverem a metodologia de uma determinada aeronave aprovada serão impedidas de operar em Congonhas", avisa o texto.

Ponto de toque e frenagem continuará no mesmo lugar

Segundo a Anac, em função dos cálculos apresentados, serão determinados que tipos de aeronaves não poderão utilizar o aeroporto. Ainda de acordo com a agência, inicialmente não haverá mudanças visuais no aeroporto, como pintura das faixas para marcar o início das pistas para pouso, o que significa que os pilotos vão continuar usando o mesmo ponto de toque na pista para parar e frear o avião. Mas as aeronaves já devem estar dentro das novas exigências, o que requer peso menor: de passageiros, combustível ou carga.

As novas marcações estão condicionadas a reparos na pista por parte da Infraero e do Departamento de Controle do Tráfego Aéreo (Decea), para mudar de posição os equipamentos de auxílio à navegação, como o sistema GS (Glide Slope) e a iluminação térrea da pista. Ainda não há previsão essas providências.

Pista principal terá 300 metros a menos

Na quinta-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, informou que a área de pouso e decolagem da pista principal passará de 1.940 metros para 1.640 metros (serão reduzidos 150 metros em cada cabeceira, que ficarão reservados para escape) e a secundária, de 1.435 para 1.195 metros (120 metros em cada ponta). Com essa restrição, a pista auxiliar ficará inviável para operação de aviões de grande porte, como Boeing e Airbus.

Segundo a Defesa, com chuva, a pista principal vai funcionar com restrições ainda maiores. Mesmo com o grooving (ranhuras no piso) pronto, a pista não pode funcionar com chuvas nesse período e aguarda-se avaliação da Anac com as novas condições para pouso em tempo ruim.

Fontes da Anac informaram que as novas regras não deverão ter impacto no número de pousos e decolagens em Congonhas, limitados a 33 movimentos por hora, quando o aeroporto passar a funcionar sem escalas e conexões. A nova malha entra em vigor na próxima quinta-feira.