Título: Informalidade é o problema
Autor: Melo, Liana
Fonte: O Globo, 15/09/2007, Economia, p. 38

ISA MARIA DE OLIVEIRA

A coordenadora do Fórum Nacional para Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, Isa de Oliveira, acredita que o Brasil entrou numa etapa mais difícil do combate ao trabalho infantil.

A Pnad detectou uma queda do trabalho infantil em 2006. Essa redução é digna de comemoração?

ISA MARIA DE OLIVEIRA: É uma queda pouco expressiva, porque estamos falando de violação dos direitos da criança e do adolescente. É melhor que a tendência de queda tenha sido retomada, mas estamos falando de cinco milhões de menores.

O combate ao trabalho infantil no Brasil chegou a virar um modelo para o mundo. Estamos retroagindo?

ISA: Sem dúvida, houve uma redução do trabalho infantil e uma efetividade da fiscalização. Só que esse combate se restringiu à cadeia produtiva formal. O trabalho infantil migrou para a informalidade e a agricultura familiar.

Que estratégia deveria estar sendo adotada hoje?

ISA: Reconhecemos que atacar o trabalho infantil na informalidade é muito mais difícil. Mas temos que garantir às famílias que elas não vão precisar recorrer ao trabalho infantil. O governo precisa criar alternativas para as famílias e para as crianças, garantir uma escola de qualidade, que tenha condições de manter a criança e não estimular a evasão escolar.

As políticas de transferência de renda não estão sendo suficientes?

ISA: Defendemos esses programas, mas sua permanência, por tempo indeterminado, é inaceitável, porque não está se buscando a promoção e o espaço de cidadania. (Liana Melo)