Título: Exclusão repaginada
Autor: Melo, Liana e Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 15/09/2007, Economia, p. 40

SÉRGIO HADDAD

O coordenador da Ação Educativa, Sérgio Haddad, diz que o país está vivendo um novo tipo de exclusão. Hoje, a criança entra na escola, mas não consegue freqüentá-la.

O senhor acha que atingir a universalização é suficiente para recuperar o tempo perdido?

SÉRGIO HADDAD: Primeiro, é preciso deixar claro que não atingimos a universalização. Além do mais, ela vem sendo perseguida sem recursos financeiros compatíveis. A universalização está sendo implementada num ambiente de restrição de recursos.

A taxa de analfabetismo está em queda livre. Estamos no caminho certo?

HADDAD: Estamos avançando, mas o governo já admite que precisa mexer no Brasil Alfabetizado. Ele está iniciando um processo de profissionalização dos monitores, pois já se percebeu que não é possível trabalhar com voluntários nessa área.

Santa Catarina está batendo recordes de taxa de escolarização. Mas por que outros estados, mais avançados, estão em um patamar inferior?

HADDAD: É verdade que regiões como Norte, Nordeste e Centro-Oeste vêm tendo um crescimento maior do número de alunos na escola. Isso vem ocorrendo desde que o governo lançou alguns fundos, como o Fundeb. Sem dúvida essa nova estrutura de financiamento ajudou muito, mas não é suficiente. Não podemos esquecer, que, depois de Salvador, a periferia de São Paulo é que ostenta os mais altos índices de analfabetismo.