Título: Ministro diz que a pesquisa está bombando
Autor: Barbosa, Flávia
Fonte: O Globo, 15/09/2007, Economia, p. 42

Na Noruega, Lula diz que país vive "ótimo momento". Ano passado, trabalho infantil assustou.

OSLO, BRASÍLIA e RIO. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, não escondeu a satisfação diante dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/2006). Ele disse que, na véspera, havia expectativa no governo. Na Noruega, em entrevista com o primeiro-ministro Jens Stoltenberg, o presidente Lula comemorou:

- Esta semana, recebi os números da economia, e hoje (ontem), do desenvolvimento social. Posso lhe garantir que estamos vivendo um ótimo momento no Brasil para economia, diminuição de pobreza, distribuição de renda e melhoria da qualidade de vida do povo. E, certamente, vamos fazer mais. É possível fazer mais - disse, dirigindo-se ao norueguês.

O alívio do governo veio com a constatação de que nenhum dos indicadores apresentou piora em relação ao ano anterior. Em 2006 (dados de 2005), houve desconforto diante do aumento do trabalho infantil.

- Vamos falar a verdade: a pesquisa está bombando. O crescimento econômico, gerado pela estabilização, reflete-se na qualidade de vida da população. Todas as faixas de renda foram beneficiadas. Algumas regiões avançaram mais que outras, mas os dados são muito positivos - disse Bernardo.

Na noite de quinta-feira, Bernardo enviou um documento com os principais números da Pnad para Lula, em Oslo. O presidente pediu que os dados fossem detalhados em seu retorno ao Brasil, para que sejam identificados os pontos de acerto e o que precisa ser melhorado.

No comunicado, o ministro ressaltou o aumento da renda do Nordeste (13,5%), entre outros pontos. Já a desigualdade de desenvolvimento regional figurou entre os itens que devem ser melhorados. Um exemplo é o abastecimento de água no Norte, pior que no resto do país:

- Talvez tenhamos de ajustar algumas políticas. E vamos ter que ter mais crescimento, aumentar o grau de escolaridade e melhorar outros indicadores de saneamento, pois temos ainda índices ruins.

Já o secretário de Políticas de Previdência Social, Helmut Schwarzer, destacou o aumento de contribuintes do INSS de 2005 (47,5%) para 2006 (48,8%), mediante o crescimento no número de trabalhadores com carteira.

Ex-ministro da Educação do governo Fernando Henrique, o deputado federal Paulo Renato Souza (PSDB-SP) disse que os dados sobre renda e desigualdade são bons, mas uma conseqüência da política de combate à inflação, "que se deu basicamente do governo tucano". A educação, afirmou, ficou estagnada na gestão Lula:

- Sem falar que as políticas de melhora de qualidade, que começamos a implementar, foram desarticuladas, o que se reflete na pequena queda no número de jovens de 15 a 17 anos fora da escola em relação a 2002.