Título: Congonhas opera com as pistas curtas e sem atrasos
Autor: Rodrigues, Lino e Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 16/09/2007, O País, p. 13

Novas áreas de escape ainda não estão sinalizadas.

SÃO PAULO. O Aeroporto Internacional de Congonhas, em São Paulo, operou normalmente ontem, depois de ter suas duas pistas reduzidas em até 300 metros para atender a uma determinação do Ministério da Defesa. Com isso, as cabeceiras da pista principal (que ficou com 1.640 metros) e da auxiliar (agora com 1.195 metros) deram lugar a áreas de escape de aeronaves. Em cada cabeceira ficarão reservados 150 metros e 120 metros, respectivamente, para emergências, de acordo com recomendação da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI).

As novas áreas de escape criadas pela medida, porém, ainda não haviam recebido sinalização. As mudanças nas pistas não alteraram o ritmo do aeroporto ontem: até as 17h, dos 138 vôos programados, 22 foram cancelados pelas companhias. Não foram registrados atrasos.

Obras do grooving foram concluídas, diz Infraero

Segundo a Infraero, estatal que administra os aeroportos no país, durante a madrugada de ontem foram concluídas as obras do grooving (ranhuras que facilitam o escoamento da água da chuva) nas cabeceiras da pista principal. Até que seja liberado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o aeroporto ficará fechado em dias de chuva para aviões comerciais de grande porte, que também não poderão usar a pista auxiliar. A falta das ranhuras na pista foi apontada como uma das possíveis causas da tragédia com o vôo 3054 da TAM, em 17 de julho, que matou 199 pessoas.

A medida de segurança que delimitou as pistas de Congonhas foi repassada às empresas aéreas, que se comprometeram a adaptar o peso das aeronaves para pousos e decolagens no aeroporto paulistano. Segundo a Infraero, elas terão que optar por reduzir o número de passageiros, o peso da carga ou o volume de combustível.

A Infraero informou que a fiscalização para o cumprimento das novas normas deverá ser feita pela Anac em Brasília. Ainda segundo a estatal, os ajustes para as novas medidas no Sistema de Pouso por Instrumento (ILS), equipamento eletrônico que serve para guiar os aviões nas aterrissagens, deverão ser realizados nos próximos meses, junto com a nova sinalização das aéreas de emergência.

TAM paga primeira indenização pelo acidente

De acordo com a Infraero, os pilotos já receberam as notificações (Notam) para operar os computadores de bordo com as novas dimensões das pistas nas operações de pouso e decolagem. Tanto a Gol quanto a TAM informaram, também através de suas assessorias de imprensa, que as mudanças na pista principal de Congonhas afetaram muito pouco suas frotas.

A TAM pagou a primeira indenização à família de uma das vítimas do acidente de julho. O valor, de R$600 mil, segundo fontes ligadas à companhia aérea, foi depositado há 15 dias na conta de parentes de um funcionário morto na tragédia.