Título: PP afirma que PT é beneficiado na distribuição de verbas de habitação
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 18/09/2007, O País, p. 9

Redutos de petistas teriam ficado com a maior parte das verbas.

BRASÍLIA. A lista de municípios que serão contemplados com os recursos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, com anúncio previsto para hoje, provocou uma disputa política entre o PP, partido do ministro das Cidades, Márcio Fortes, e o PT, partido da secretária Nacional de Habitação, Inês Magalhães, responsável pela elaboração da lista.

Ao tomarem conhecimento da lista, os deputados Ciro Nogueira (PP-PI) e João Pizzolatti (PP-SC) constataram que seus redutos eleitorais não foram contemplados, enquanto o mesmo não ocorria com as prefeituras administradas por petistas.

Pressionados pela bancada, o líder Mario Negromonte (PP-BA) e o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), levaram a preocupação ao ministro Márcio Fortes. Embora os aliados do PP não assumam publicamente, a intenção do partido é tentar tirar a petista do cargo que ela ocupa no ministério.

- A lista de municípios é uma lista política. Ela deve ter sido elaborada à revelia do ministro. A lista atende o PT, e a nossa bancada quer que também sejam atendidos municípios administrados pelo PP - disse o líder Mário Negromente.

Secretária seria ligada a Dilma, diz o PP

O ministro explicou que a lista e o volume de recursos foram decididos com base em critérios técnicos. Mas, para o PP, isso ocorre porque a secretária Inês Magalhães, indicada pelo PT, trabalha com muita autonomia em relação ao ministro, graças à sua relação com a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Para o PT, as queixas não se baseiam na realidade, mas na tentativa de derrubar a secretária Inês Magalhães.

- A característica da gestão no governo Lula não é a de discriminar. Aqui em São Paulo, contra a minha vontade, sai muito dinheiro para os tucanos, para o governador Serra. As prefeituras do PT têm interesse na questão habitacional de baixa renda. Se for fato que as cidades petistas foram mais contempladas, isso ocorreu por uma questão técnica e não por direcionamento político - contestou o terceiro vice-presidente petista, deputado Jilmar Tatto (SP).

Os dirigentes do PP citam como estranho o fato de um município como Uberlândia, em Minas Gerais, administrada pelo ex-líder do partido Odelmo Leão, com uma população de 600 mil habitantes, receber apenas R$150 mil do Fundo, enquanto Nova Lima (MG), de 70 mil habitantes, receberia R$10 milhões. Acreditam que a pressão surtirá efeito.

- Estão fazendo modificações na lista e nos recursos destinados. Pelo que sei, já consertaram muita coisa - disse o deputado Ciro Nogueira, segundo-secretário da Mesa da Câmara.

A assessoria do Ministério das Cidades explicou que a lista de municípios contempla aqueles que apresentaram projetos e que se enquadram nos critérios do Fundo, entre eles o atendimento a populações que convivem com fatores de risco, em que mulheres, idosos ou deficientes são chefe da família.