Título: Julgamento no TRF no Rio poderá ser acelerado após prisão de Cacciola
Autor: Frisch, Felipe e Melo, Liana
Fonte: O Globo, 18/09/2007, Economia, p. 18

PROCURADO NÚMERO 1: Envolvidos continuam na ativa no mercado financeiro.

Desembargador diz que dará prioridade ao caso, apesar de não haver data.

O desembargador Guilherme Calmon, relator do escândalo financeiro envolvendo os bancos Marka e FonteCindam, no Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região (Rio e Espírito Santo), informou que dará prioridade ao caso. Apesar da disposição de acelerar o processo, seu gabinete não informou uma data precisa para o julgamento. Até ontem, o TRF não havia recebido qualquer pedido de prioridade da Justiça de Mônaco, o que pode ocorrer nesses casos. Quando estiver marcado, o julgamento deverá ser conduzido por três desembargadores da 1ª Turma Especializada.

Segundo o procurador Artur Gueiros, que conduz o caso desde o início, a expectativa, antes da detenção de Salvatore Cacciola, em Mônaco, era que o julgamento ocorresse ainda neste semestre. Oito dos 11 envolvidos no escândalo, que estourou em 1999, foram condenados em primeira instância. Após a condenação, Gueiros recorreu, pedindo a inclusão de outros crimes da Lei de Colarinho Branco na pena de Cacciola, referentes à irregularidade dos livros contábeis.

Todos os envolvidos no caso, com exceção dos três absolvidos, recorreram. Como a Justiça brasileira leva em consideração o princípio da presunção da inocência, vários continuam na ativa e trabalhando no mercado financeiro, em postos de comando ou em posições estratégicas.

Acusado de um rombo de R$1,5 bilhão, o ex-presidente do BC Francisco Lopes continua batendo ponto em sua consultoria, a Macrométrica. Seu advogado, João Mestieri, afirma que a empresa definhou depois do escândalo.

Já Demósthenes Madureira de Pinho Neto, ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC, é vice-presidente de Varejo do Unibanco. Ao sair do BC, o economista cumpriu uma quarentena não remunerada, de dez meses, quando deu aulas na PUC-RJ. Em 2000, retornou ao mercado financeiro: antes do Unibanco, passou pelo Dresdner Bank. A ex-diretora de Fiscalização do BC Tereza Grossi é do Conselho de Administração do Banco Itaú Holding Financeira.

Luiz Antônio Gonçalves (ex-diretor do FonteCindam), Claudio Mauch (ex-diretor do BC) e Roberto José Steinfeld (ex-dono do FonteCindam), morto em 2005, também foram condenados em primeira instância. Os absolvidos foram a ex-diretora do Marka Cinthia Costa e Souza, o ex-consultor da diretoria do BC Alexandre Pundek e o economista Rubem Novaes.