Título: Cresce a inadimplência
Autor: Flores, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 14/04/2009, Economia, p. 12

O crescimento da inadimplência é um dos temores dos empresários brasileiros. Impactados pela crise econômica, os consumidores estão cada vez mais devedores. Estudo divulgado ontem pelo Indicador Serasa Experian de Inadimplência Pessoa Física mostra que o número de pessoas que não conseguiram honrar suas dívidas no primeiro trimestre foi 11,4% superior a dos três primeiros meses de 2008. Somente em março o incremento de inadimplentes em todo o país foi de 16,6% sobre o mesmo mês do ano anterior.

O avanço do endividamento é comum no início de ano, período considerado crítico para as finanças pessoais, mas o patamar registrado neste ano demonstra que há influência da turbulência econômica, de acordo com o gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi. ¿Até 5% de crescimento da inadimplência de um ano para outro é normal em função do aumento da concessão de crédito. Se aumenta o mercado de crédito, então aumenta também a inadimplência. Mas, acima disso, acende a luz amarela e acima de 10% é muito preocupante¿, afirma. ¿Esses dados mostram que o governo tem que continuar diminuindo juros para interromper a trajetória de crescimento da inadimplência. Ao contrário, dificilmente vamos ter a curva da inadimplência e do desemprego se invertendo¿, completa.

Cheques Os cheques sem fundos foram os que mais aumentaram de valor. No primeiro trimestre deste ano os documentos devolvidos eram, em média, de R$ 828,70, 31,2% superiores que no mesmo período de 2008. A explicação, segundo especialistas, está na troca das dívidas com os bancos pelo cheque sem fundo, já que a oferta de crédito diminuiu com a crise. Com isso, o cheque tornou-se uma rápida maneira de obter financiamento. ¿Diante da dificuldade de obter crédito, o cheque sem fundo foi a válvula de escape emergencial¿, explica Rabi.

O valor dos títulos protestados também é maior que há um ano ¿ subiu 11,9%, chegando a uma média de R$ 1.036,23. As outras formas de endividamento sofreram redução em seus valores médios. As dívidas com cartões de crédito e financeiras foram, em média, de R$ 386,86, 13,3% a menos que em 2008. E as dívidas com os bancos caíram 1,5%, chegando a R$ 1.357,47. (MF)