Título: Mercadante agora pede que Renan se afaste da presidência do Senado
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 19/09/2007, O País, p. 4

DEPOIS DA ABSOLVIÇÃO: Sessão do Conselho foi adiada para semana que vem.

PT quer tramitação paralela dos processos para evitar novo desgaste.

BRASÍLIA. O PT quer acelerar a tramitação e votação dos outros três processos contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no Conselho de Ética, para tentar reduzir o desgaste na Casa. A proposta do partido, de se fazer uma tramitação paralela das representações, foi formalizada da tribuna pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que sofreu grande desgaste na semana passada após revelar que se absteve de votar no julgamento de Renan. Mercadante sugeriu ainda que Renan se afaste da presidência até que os processos contra ele sejam concluídos.

- Os processos podem até ter relatores diferentes, mas deveriam ser todos apreciados numa única sessão, porque, enquanto não dermos um voto terminativo sobre o futuro do senador Renan Calheiros, a Casa continuará se desgastando. Os processos devem ser decididos numa única sessão - disse Mercadante, sugerindo abertamente que Renan se licencie do cargo: - Acho que seria o melhor para o Senado e até para que ele possa se dedicar à sua defesa.

A proposta do PT seria discutida em reunião do Conselho de Ética que estava marcada para hoje. Mas o presidente do Conselho de Ética, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), decidiu ontem à noite adiá-la para quarta-feira da semana que vem. PSDB e Democratas não deverão se opor à proposta de tramitação paralela dos processos contra Renan, mas cobram a nomeação imediata dos relatores das demais representações.

Casagrande: "Senado está agora postergando"

Das três representações contra Renan no Conselho, pelo menos uma delas - a que pede a investigação sobre suposta participação de Renan num esquema de arrecadação ilícita de recursos em ministérios comandados pelo PMDB - não foi sequer analisada pela Mesa Diretora do Senado. Hoje, também seria apresentado o parecer do senador João Pedro (PT-AM), relator do segundo processo, que investiga a denúncia de que Renan teria interferido junto a Receita Federal e o INSS em favor da cervejaria Schincariol. Ele deve propor a suspensão desse processo no Senado, passando a investigação para a Câmara, onde o envolvido direto é o irmão de Renan, deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL).

A oposição, que já parecia conformada com a hipótese de arquivamento do segundo processo contra Renan por falta de provas, considerou a suspensão da tramitação do processo sobre a Schincariol uma boa alternativa. Mas vai insistir na investigação das demais. Além da denúncia de suposto esquema de desvio de recursos em ministérios, Renan deve responder à acusação de que teria se associado ao empresário alagoano João Lyra em uma emissora de rádio e um jornal, em Alagoas.

O senador Renato Casagrande (PSB-ES), que relatou o primeiro processo contra Renan, não gostou do adiamento da reunião do Conselho:

- Para Renan, não muda nada. Mas é péssima a interpretação de que ele poderá se beneficiar, ganhando tempo, que o Senado está agora postergando.