Título: Com o corte, petróleo bate recorde: US$ 81,51
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Fonte: O Globo, 19/09/2007, Economia, p. 27

TREMOR GLOBAL: Busca de investidores por proteção leva cotação do ouro ao maior patamar desde janeiro de 1980.

Juro menor estimularia demanda por combustíveis. No Brasil, dólar cai 2,29% e encerra o dia a R$1,877.

NOVA YORK e RIO. O preço do petróleo do tipo leve americano atingiu o recorde de US$82,16 o barril em Nova York, após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciar o corte de 0,5 ponto percentual nos juros. O barril fechou a US$81,51, com alta de 1,17%. Em Londres, o Brent avançou 1,56%, para US$78,18. A explicação é que a primeira redução em quatro anos, para ajudar a sustentar o crescimento da economia dos EUA, maior consumidor mundial de petróleo, estimula a demanda por combustíveis. Os preços da commodity também avançaram devido às expectativas de que um relatório a ser divulgado hoje mostre que os estoques de petróleo bruto dos EUA recuaram pela décima vez nas últimas 11 semanas.

- Esse tipo de corte (dos juros) sempre foi altista e sempre será (para o petróleo) - disse Peter Beutel, presidente da Cameron Hanover Inc., empresa de consultoria do setor de combustíveis de Connecticut, acrescentando que o corte também deve desvalorizar o dólar, o que aumentaria o preço do petróleo em moeda americana, para manter o mesmo valor que em outras moedas.

Risco-Brasil recuou 9%, para 182 pontos centesimais

Analistas avaliam que o dólar mais fraco, como efeito do juro menor, estimula a compra de contratos futuros de petróleo por investidores estrangeiros. "Taxas de juros mais baixas têm a conseqüência de elevar os preços do petróleo, se o dólar cai frente a outras moedas", disse Larry Chorn, economista-chefe da Platts, braço de pesquisa da área de energia da McGraw-Hill Cos, em comunicado.

"Pelo prisma do euro ou do iene, os preços nominais (na Nymex) ainda não atingiram o pico de 2006", comparou Antoine Halff, chefe do setor de energia da consultoria Fimat, também em nota. Ontem, a moeda européia avançou 0,67%, para US$1,3958, novo recorde.

Como conseqüência do corte pelo Fed e da maior procura dos investidores por proteção, o ouro também subiu e atingiu o maior patamar desde janeiro de 1980. Os contratos futuros para dezembro subiram 1,3%, para U$733,40 a onça troy (31,1 gramas).

No Brasil, o dólar registrou forte queda depois do anúncio do corte de juros pelo Fed. A moeda caiu 2,29% e encerrou cotada a R$1,877, o menor patamar desde o dia 30 de julho, quando a crise no mercado de crédito começou a se agravar.

Durante o dia, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) vinha registrando poucas oscilações, entre 1% e 1,4%, à espera do BC americano. Às 15h14m, subia 1,24%. Com a decisão, ganhou forte impulso e, em dois minutos, às 15h16m, a alta já atingia 2,24%. O pregão fechou com avanço de 4,33%, aos 56.691 pontos, em seu segundo melhor dia do ano. No mercado externo, o risco-Brasil recuou 9%, para 182 pontos centesimais.

A decisão do Fed afetou os juros projetados em contratos negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros. O contrato com vencimento em janeiro de 2010 caiu 0,25 ponto percentual e fechou em 11,53% ao ano.

(*) Da Bloomberg News, com agências internacionais e Bruno Rosa