Título: Ipea prevê mais crescimento e inflação
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Fonte: O Globo, 19/09/2007, Economia, p. 29

Instituto projeta avanço de 4,5% do PIB este ano e alta de 4% para IPCA.

A economia brasileira deve encerrar este ano com crescimento de 4,5%, se confirmadas as projeções do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgadas ontem. Em junho, a previsão era de que o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) registraria alta de 4,3%. A inflação dos alimentos, por sua vez, deve pressionar ainda mais o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE. Há três meses, o Ipea projetou para 2007 uma inflação de 3,4%. Agora, a aposta é de 4% - mais perto do centro da meta fixada pelo governo (4,5%). Para 2008, a estimativa é de 4,3%.

- Os alimentos já acendem luz amarela. O fenômeno da inflação dos alimentos afeta vários países, como China, Estados Unidos, Argentina. Resta saber se é um problema estrutural de longo prazo devido a consumidores ávidos em China e Índia e oferta de comida limitada, ou movimento de curto prazo - disse Fabio Giambiagi, do Grupo de Conjuntura do Ipea.

Os indicadores da indústria e da demanda interna também fizeram o Ipea rever os números de 2008. A instituição elevou de 4,4% para 4,5% a sua estimativa para o PIB. E ainda há possibilidade de novas revisões para cima do PIB deste ano.

- Se a agropecuária avançar nos mesmos níveis dos terceiro e quatro trimestres de 2006 (16,0% e 11,9%, respectivamente), a variação do PIB pode ser maior- disse Giambiagi, ressaltando que há um efeito de 0,1 ponto percentual para cada dois pontos percentuais na variação da agropecuária.

Segundo o Ipea, também deve haver mudanças na demanda interna. É esperada alta de 6,2% no consumo privado - em junho, a expectativa era de 5,7%. Para o consumo do governo, o Ipea acredita num aumento ligeiramente menor: revisou de 3,3% para 3,2%.

Previsão é de novo corte de juros, de 0,25 ponto, pelo BC

O preço dos alimentos deve pesar na decisão do Banco Central de baixar ou não a taxa de juros na próxima reunião do Copom, acrescentou Giambiagi. Segundo ele, também influenciam na política monetária do país indicadores como câmbio e taxa de juros nos EUA.

- Quanto menores câmbio e juros nos EUA, mais confortável o BC se sente para baixar juros. Acredito numa redução de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Copom. A partir daí, o BC deve manter estáveis os juros nos próximos meses e só voltar a baixá-los em meados de 2008 - disse Giambiagi.

O instituto está projetando taxa de juros no último trimestre de 11,1%, contra 10,7% na projeção de junho.

O investimento, segundo o Ipea, continua registrando avanços. No segundo trimestre, a formação bruta de capital fixou subiu 13,8% sobre igual período de 2006. A expectativa é fechar 2007 com expansão de 10% - e não mais de 9%, conforme previsto na última apuração da instituição. Para o ano que vem, as projeções ficaram um pouco menores, em 9,6%.

- Não se trata de um crescimento espasmódico, mas um crescimento robusto. Houve retomada de investimentos em 2006. E de 2004 a 2008, os investimentos avançaram 8% - disse Giambiagi.