Título: Brigadas contra a tirania do capital
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 19/09/2007, O Mundo, p. 34

Chávez tem 10 mil instrutores para espalhar doutrina de sua revolução bolivariana.

BUENOS AIRES. Em março passado, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, realizou um ato para apresentar ao país mais de dez mil "brigadistas" da chamada Jornada Moral e Luzes, espécie de batalhão de instrutores da revolução chavista. Durante seu discurso, o presidente venezuelano disse aos brigadistas que uma de suas missões era "ir a empresas públicas e privadas para lutar contra a tirania do capital que oprime os trabalhadores".

Na época, Chávez também pediu ao Ministério do Poder Popular para o Trabalho que fossem criados mecanismos para incluir na jornada de trabalho debates sobre o socialismo, dos quais participariam os brigadistas. O presidente propôs, ainda, que até mesmo as Forças Armadas do país realizassem discussões sobre as idéias socialistas defendidas por seu governo.

- Estamos construindo o socialismo todos os dias. Toda noite, vocês devem se perguntar o que fizeram durante o dia para ajudar a construir este novo sistema - declarou o presidente na ocasião.

O lema do ato de lançamento dos brigadistas foi "Rumo à consolidação do terceiro motor: educação com valores socialistas".

- Esta missão cívico-militar deverá se expandir por todo o território. Toda a Pátria será uma escola - afirmou Chávez.

O presidente assegurou que "agora começamos com a verdade e não podemos fracassar" e disse que seria preciso "levar adiante uma segunda independência". Quando anunciou a criação da Jornada Moral e Luzes, em fevereiro passado, o ministro do Poder Popular para a Educação, Adán Chávez, irmão do presidente, disse que o governo está ciente "de que é necessário trabalhar sobre o autêntico valor do humanismo e construir a Pátria Nova e o Socialismo do século XXI".

Construir uma nova Pátria e um novo cidadão é um dos principais objetivos de Hugo Chávez nesta nova etapa de sua autoproclamada revolução bolivariana. O papel dos brigadistas é considerado fundamental pelo presidente, que pretende construir um novo modelo econômico e social, apesar da forte resistência que existe num setor bastante amplo da população. Grupos e líderes opositores acusam o governo Chávez de criar um modelo que excluirá muitos venezuelanos, que não estão de acordo com o projeto revolucionário do presidente. (J. F.)