Título: Ozônio mais protegido
Autor:
Fonte: O Globo, 19/09/2007, Ciência, p. 36

Brasil reduziu em mais de 90% o uso de gases que destroem camada

Pesquisa divulgada pela Divisão de Estatísticas da Nações Unidas (ONU) mostra que o Brasil conseguiu reduzir em mais de 90% o uso de gases clorofluorcarbonetos (CFCs ou Fréon), nos últimos dez anos. É o quinto pais que mais diminuiu o consumo desses gases, responsáveis pela destruição a camada de ozônio - que funciona como uma espécie de escudo, protegendo a Terra da incidência de radiações solares, que podem causar doenças como câncer e catarata. Entre 1995 e 2005, o Brasil cortou 9.928 toneladas de Potencial Destruidor de Ozônio (PDO), a unidade usada para medir o quanto a camada pode ser danificada pelos gases. Na lista de 172 nações, ele só ficou atrás da China, que reduziu 62.167 toneladas, dos Estados Unidos, com 34.033, do Japão, com 23.063, e da Rússia, com 20.641. Os dados foram divulgados exatos 20 anos depois da assinatura do Protocolo de Montreal,, assinado em setembro de 1987 por 191 países e que determina a redução da produção e do uso de CFCs. O protocolo é considerado um dos mais bem-sucedidos do mundo ( a redução global do uso desses gases foi de 95%), e especialistas acreditam que ele seria um bom exemplo a nortear as ações as ações contra o aquecimento global. Os CFCS são usados em sistemas de refrigeração e na fabricação de plástico e aerossol. Desde o começo de 2007 o Brasil não importa nem produz mais esse tipo de gás. Em 1995, era o quinto país que mais consumia essas substâncias (10.895 toneladas). Já em 2005, passou para décimo segundo, com 967 toneladas, substituindo os gases por outros que não agridem a camada.

Buraco atingiu tamanho recorde

Pelo menos 35 países conseguiram se livrar totalmente dos CFCs, como o Japão. Estados Unidos e Rússia diminuíram o consumo em 92%. Para acabar com os CFCs, o protocolo de Montreal dispõe de um Fundo Multilateral,de cerca de US$ 500 milhões, para financiar projetos de proteção à camada de ozônio em países em desenvolvimento. Em parceria com diversos organismos internacionais, o programa já implementou, somente no Brasil, 157 projetos de redução no uso dos gases. Mas apesar dos grandes avanços, o problema está longe de ser solucionado. De 21 a 30 de setembro de 2006, a superfície média do buraco na camada de ozônio chegou a 27,5 milhões de quilômetros quadrados - a maior área já registrada. Um tamanho maior que Canadá, Estados Unidos e a região norte do México juntos. Cientistas estimam que, se forem mantidos os esforços atuais, a camada de ozônio só vai recuperar seus níveis anteriores à década de 80, quando o uso de CFCs atingiu o nível máximo, entre 2050 e 2075. Entretanto, se a redução no consumo não tivesse ocorrido, o buraco dobraria de tamanho até 2050. A camada de ozônio surgiu há dois bilhões de anos, formando um escudo protetor da nociva radiação ultravioleta do sol, e, com isso, permitindo a diversidade da vida na Terra. Os raios UV afetam o DNA, prejudicam plantas e aumentam o risco de câncer de pele. A camada se manteve intacta até meados do século XX, quando o acúmulo de gases CFCs, liberados pelo homem, começaram a destruí-la. Esses gases são levados por ventos da alta atmosfera para as regiões polares, onde se concentram. Como a circulação atmosférica é mais isolada ao sul, lá o acúmulo é maior: Cem vezes mais do que em qualquer outra parte. Por isso,a camada é comumente medida na Antártica, onde seus efeitos são mais danosos.