Título: Oposição derruba sessão mais uma vez
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 20/09/2007, O País, p. 5

Renan tenta retomar votação de terça-feira, mas de novo não consegue.

BRASÍLIA. Pelo segundo dia consecutivo, a oposição conseguiu derrubar a sessão do Senado, fazendo valer o processo de obstrução que se dispôs a levar adiante como estratégia para obrigar o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), a se licenciar do cargo, pelo menos até a conclusão da tramitação das representações contra ele no Conselho de Ética. Na chegada ao plenário, logo depois de um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, Renan tentou retomar a votação da véspera, referente à indicação de Luiz Antônio Pagot para a direção geral do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit). Mais uma vez não houve quórum.

Ontem à noite, apenas 37 parlamentares atenderam ao chamado de Renan para votar, quatro a menos do que o necessário para validar a votação.

O empenho de Renan para garantir a retomada das votações, depois de ter sido absolvido pelo plenário na semana passada, começou cedo. Na chegada ao Senado, por volta do meio-dia, se reuniu com alguns líderes governistas, como a senadora Roseana Sarny (PMDB-MA), Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO).

Renan diz que obstrução não é contra ele

Pouco antes de Renan dar início à votação do dia, os quatro voltaram a conversar em plenário, sem esconder a preocupação com nova vitória da obstrução. Atropelado mais uma vez por uma série de pedidos para falar, ele só conseguiu dar início à votação da indicação de Pagot às 19h26m. Quase 30 minutos depois, foi obrigado a encerrar a sessão, sem votação, mas minimizou o resultado e tentou jogar a responsabilidade do fracasso da votação na conta dos líderes partidários, dizendo que a obstrução não é contra ele.

- Não há obstrução contra ninguém, mas em função de uma pauta. Cabe ao presidente do Senado apenas presidir a sessão. Essas fases passam - disse.

Sobre os riscos desse tipo de confronto atrapalhar a aprovação da prorrogação da CPMF no Senado, Renan mais uma vez deixou claro que o empenho pelo entendimento deve partir do governo.

- A CPMF está na Câmara. Não é agonia dos nossos dias. Só depois que chegar aqui é que vamos nos preocupar. Claro que essa é uma matéria importante, mas a pauta do Senado tem de ser definida pelos líderes partidários. É bom que se diga, porém, que quem quiser acabar com a CPMF, também vai acabar com o Bolsa Família - salientou. (Adriana Vasconcelos).