Título: Tribo foi contactada nos anos 70
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 20/09/2007, O País, p. 14

SÃO PAULO. O representante do Greenpeace na amazônia, Paulo Adário, define o conflito entre os enawene nawe e fazendeiros em Juína, noroeste do Mato Grosso, como um choque de civilizações.

- Os enawene nawe vivem há séculos numa relação religiosa com a natureza e se viram diante de um avançado sistemas de agronegócio do planeta. E o pior é que eles nem comem a carne do gado criado na área. Eles detestam sangue.

O primeiro contato da tribo com o homem branco aconteceu na década de 70. Antes, os enawene nawe eram aterrorizados pelos cintas-largas e rikbakesas, etnias que vivem na região e, no passado, eram antropófagas. Em meados dos anos 50, 12 enawene nawe foram mortos e devorados pelos cintas-largas e devorados. O conflito aconteceu na área que hoje é reivindicada. Desde então passaram a se alimentar de peixe, mel, milho e mandioca.

Os conflitos acabaram nos anos 70, quando a Funai pacificou a região, mas a aversão à carne vermelha continuou. O peixe é a principal fonte de alimentação dos 500 membros da etnia, e a pesca é cercada de rituais. Segundo o Ministério Público Federal, o desmatamento nas margens do Rio Preto, provocado pelo uso de agrotóxicos e desfolhantes, além da construção de usinas hidrelétricas na região, coloca em risco a sobrevivência da tribo.