Título: Taxa caiu menos entre negros e pardos
Autor: Almeida, Cássia e Melo, Liana
Fonte: O Globo, 20/09/2007, Economia, p. 26

Renda dos brancos subiu mais.

Assim como ocorreu entre os estados, a redução da pobreza foi desigual no recorte da raça, de acordo com a pesquisa do economista da FGV Marcelo Neri. Mesmo com 23,5% da população negra com ganho domiciliar per capita inferior a R$125, houve um recuo da pobreza bem inferior ao observado entre os brancos. Neste grupo racial, que tem uma parcela de 11,88% ganhando menos de R$125 por mês, a redução da pobreza chegou a 16,83%, superior à média brasileira de 15,1%. Já entre os negros, a redução foi de apenas 11,52%.

Entre os pardos, a situação se repete. A parcela de pobres que conseguiu ultrapassar a linha foi inferior à dos brancos. A queda da miséria foi de 14,8%, mas ainda há 27,59% de pardos entre os mais pobres. O que explica essa diferença entre pretos, pardos e brancos é o ganho de renda. A população branca conseguiu aumentar seus ganhos per capita em 9,13%, enquanto os negros, em 7,28% - abaixo do resultado do Brasil, onde a renda domiciliar per capita subiu 9,1%.

Se a pobreza no Brasil tem cor, também tem idade. O índice de miséria diminui conforme aumenta a idade. Até os 4 anos, chega a atingir 33,88%. Para os que estão com mais de 55 anos, essa proporção cai para 9,84%. A pobreza continua acima de 20% até os 19 anos.

- As pessoas da terceira idade (com mais de 55 anos) foram as que apresentaram a maior redução na taxa de pobreza, 20,8%, em virtude do reajuste do salário mínimo, que é o piso da Previdência Social - diz Neri. (C.A.)