Título: Redução da pobreza com Lula foi maior do que nos governos de FH
Autor: Almeida, Cássia e Melo, Liana
Fonte: O Globo, 20/09/2007, Economia, p. 26

RETRATOS DO BRASIL: Indicador social melhora mais em ano de eleições.

Com petista, queda foi de 27,7%, contra 24,3% nos oito anos do tucano.

RIO e BRASÍLIA. O primeiro governo Lula conseguiu atacar a pobreza com mais sucesso do que o governo Fernando Henrique Cardoso nos seus dois mandatos, que somaram oito anos. A redução acumulada durante a primeira gestão petista, de 2002 a 2006, chegou a 27,7%, contra os 24,3% registrados nos dois períodos tucanos, de 1995 a 1998 e depois até 2002. A maior redução (23%) verificou-se no primeiro mandato do governo FH, enquanto no segundo mandato a queda foi de apenas 1,7%. A conclusão é do economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), que produziu estudo com base na Pnad/2006.

- Lula foi mais ousado nas políticas de transferência de renda e ainda contou com um cenário internacional mais favorável, enquanto Fernando Henrique acabou enfrentando algumas crises. Ainda assim, os dois vão entrar para a história como os presidentes que mais conseguiram reduzir a pobreza no país. Mas, sem dúvida, o ano de 2006 foi exemplar do ponto de vista das reduções da pobreza e da desigualdade - comentou Neri.

Segundo o estudo, o crescimento generalizado de renda em todos os estratos da população foi superior à redução da desigualdade no ano passado. Ou seja, os ganhos de renda não foram significativos nos estratos mais pobres.

Renda sobe 12,5% em ano eleitoral e cai 11,8% depois

Lula e FH lançaram mão de expedientes que, historicamente, costumam ser usados em períodos eleitorais. Segundo o estudo de Neri, a pobreza costuma cair no Brasil em ano de eleições e volta a subir no ano seguinte. Em anos eleitorais, há ganho de renda de, em média, 12,52%, contra uma queda de 11,87% em anos pós-eleitorais.

- As políticas de renda são usadas no país em sintonia com o calendário eleitoral. Os políticos aumentam a renda com uma mão e tiram com a outra, no ano seguinte às eleições - comenta Neri, calculando que a pobreza caiu, em média 7,6% em anos eleitorais no país e subiu 3,7%, também em média, nos períodos pós-eleições.

O plano Real, no primeiro mandato de FH, foi o principal responsável pelo aumento da renda, enquanto a desvalorização da moeda, em 1999, reduziu esse ganho. Já no período Lula, o reajuste do salário mínimo, que pulou de R$260 para R$300, em 2005, e depois para R$350, em 2006 - associado à expansão do Bolsa Família - foram os principais fatores de redução da pobreza e da desigualdade.

O presidente Lula se disse feliz com o resultado dos indicadores apresentados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, e pelos estudos que apontaram forte queda da pobreza no seu primeiro mandato. Para Lula, esses resultados são fruto da política econômica adotada por seu governo.

- Não bastassem outros motivos para eu estar feliz, a gente vê a pesquisa do IBGE sobre o crescimento da economia brasileira, sobre o crescimento da produção industrial, e vê os números da Pnad que demonstram que a semente plantada e adubada dá resultado - discursou para uma platéia de prefeitos de cidades pequenas, representantes de comunidades quilombolas e indígenas.

COLABOROU Chico de Gois