Título: Lista vermelha ainda tem 181 brasileiros
Autor: Carvalho, Jailton de e Duarte, Fernando
Fonte: O Globo, 20/09/2007, Economia, p. 29

Procurados pela Interpol são acusados de crimes como corrupção e homicídio.

BRASÍLIA. Depois da prisão do ex-banqueiro Salvatore Cacciola, a Interpol do Brasil ainda tem uma lista de 181 brasileiros foragidos no exterior. Os fugitivos, incluídos na chamada difusão vermelha, são condenados ou acusados por crimes financeiros, tráfico de drogas, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, corrupção e homicídio, entre outros delitos. Entre os integrantes da lista está o promotor de Justiça de São Paulo Igor Ferreira, condenado a 16 anos pelo assassinato da mulher há nove anos, quando ela estava grávida de sete meses.

- O nome do promotor foi incluído na difusão vermelha a pedido da Justiça de São Paulo. Mas ainda não temos evidência de que ele, de fato, está no exterior - afirmou o diretor interino da Interpol, Glorivan Bernardes.

A inclusão na difusão vermelha significa que o foragido pode ser preso em qualquer dos 186 países filiados à Interpol, polícia internacional formada por representantes das polícias federais.

Cacciola já tinha ido à Suíça e ao Uruguai

Os avisos da difusão vermelha tiveram papel fundamental na prisão de Cacciola, até então considerado o procurado número 1 do Brasil no exterior. A Interpol da Itália descobriu que ele estava indo para Mônaco no sábado e, imediatamente, avisou a polícia do principado. Em pouco tempo, a polícia local prendeu o ex-banqueiro num hotel-cassino.

Era a terceira vez que Cacciola arriscava deixar a Itália para se distrair em cassinos de Mônaco. Enquanto estivesse em território italiano, o ex-banqueiro não poderia ser preso. A Justiça da Itália já recusou um pedido de extradição dele para o Brasil, pois Cacciola tem cidadania italiana. Antes da prisão, Cacciola também teria ido à Suíça e até ao vizinho Uruguai. Para a polícia, em determinado momento, o ex-banqueiro achou que não voltaria mais à prisão.

- Ele foi preso por causa da arrogância, da sensação de impunidade - disse Bernardes.

O diretor da Interpol sustenta ainda que se manter em fuga permanente no exterior é caro e cansativo. Segundo ele, muitas vezes, os fugitivos são obrigados a mudar de país e a trocar de documentos. As manobras empurram os fugitivos ainda mais para a ilegalidade e os deixam expostos a achaques.

Para o delegado, os mecanismos de busca internacional são pouco acionados. Segundo ele, mais de 90% das ordens de prisão que chegam à Interpol são expedidas pela Justiça Federal. As Justiças estaduais quase não utilizam o sistema. (Jailton de Carvalho)