Título: Bovespa fecha em queda de 0,62% acompanhando mercado americano
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 21/09/2007, Economia, p. 30

Investidores embolsam lucros após euforia causada por corte de juros.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ficou ontem boa parte do dia no terreno positivo, mas virou na parte da tarde e o seu principal indicador, o Ibovespa, encerrou o dia em queda de 0,62% (56.906 pontos). O recuo acompanhou o movimento das bolsas americanas, com muitos investidores vendendo as ações - o que faz os papéis caírem - para embolsar os ganhos dos últimos dias com a euforia provocada pelo corte de 0,50 ponto percentual nos juros americanos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), na terça-feira. Em apenas dois dias o Ibovespa acumulava alta de 5,38%.

- Foi dia de colocar um pouco no bolso - diz Alexandre Horstmann, diretor da Meta Asset Management.

Agora, entra em cena a já esperada interpretação pessimista de que o prejuízo causado pelas hipotecas de alto risco nos EUA - as subprime - venha a ser ainda maior do que se espera. A redução esperada era de 0,25 ponto.

- Fica a dúvida se essa redução não sinaliza a piora do cenário - avalia Júlio Martins, diretor da Prosper Gestão de Recursos.

Para deixar claro que a crise está longe do fim, o presidente do Fed, Ben Bernanke, disse ontem que a inadimplência do segmento hipotecário pode aumentar. Em Nova York, o índice Dow Jones Industrial caiu 0,35%, o S&P 500 perdeu 0,67% e o eletrônico Nasdaq, 0,46%.

Já o risco-Brasil teve queda de 4,60% no dia, para 166 pontos centesimais, o menor nível desde 19 de julho. Ou seja, o patamar de antes do início da crise, que começou a ganhar força no dia 24 daquele mês. No ano, a queda é de 13,99% no ano, dando prova de que o problema ontem não era do mercado brasileiro. O risco-país é a diferença em pontos percentuais que o mercado pede pelos títulos da dívida de um país em relação aos títulos americanos. No caso, o "prêmio" ontem chegou 1,66 ponto percentual.

O dólar teve alta de 0,64%, para R$1,882, segundo operadores do mercado puxado pela saída de um grande investidor estrangeiro. Para remeter os recursos para fora do país, o investidor precisa comprar dólares.

Desmutualização da BM&F é aprovada

As corretoras, bancos e operadores especiais detentores de títulos patrimoniais da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) aprovaram ontem em assembléia a abertura do capital da instituição. Foi acertada a venda de 10% das ações da nova bolsa ao fundo internacional de private equity General Atlantic, por R$1 bilhão. Com a operação, a BM&F deixará de ser uma entidade sem fins lucrativos.

Nesse processo, de "desmutualização", haverá uma cisão entre as diferentes atividades antes concentradas na BM&F. Todos as operações de bolsa de futuros e derivativos serão transferidas para a BM&F S.A., empresa que está sendo constituída e que já nasce com patrimônio de R$1,2 bilhão.

À antiga BM&F caberá cuidar apenas das áreas educacionais e de responsabilidade social, como o Instituto Educacional, a Associação Profissinalizante e o Clube de Atletismo com a sua marca.

O acordo de venda de participação ao General Atlantic - que participa de outras bolsas, como a New York Mercantile Exchange - estabelece que o fundo não poderá vender suas ações da BM&F S.A. nos próximos dois anos.

A expectativa no mercado é de que o processo de abertura de capital da BM&F esteja concluído até o final do ano.