Título: IBGE: inflação fez rendimento cair em agosto
Autor: Ribeiro, Erica
Fonte: O Globo, 21/09/2007, Economia, p. 35

Recuo foi de 0,5% ante julho, nas 6 regiões metropolitanas estudadas. Desemprego ficou estável em 9,5%.

A taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas do país se manteve estável em 9,5% em agosto, mas o rendimento real do trabalhador caiu 0,5% em relação ao mês anterior. De acordo com o IBGE, o recuo na renda - que ficou em em R$1.109,40 - aconteceu devido ao aumento da inflação e à entrada de mais pessoas no mercado de trabalho com salário menor. Na comparação com agosto de 2006, o rendimento nas seis regiões metropolitanas estudadas apresentou recuperação de 1,2%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgado ontem.

- Como está entrando mais gente no mercado de trabalho, o salário inicial tende a ser mais baixo. Além disso, com a inflação em aceleração, o salário do trabalhador começou a ser corroído - explicou o economista do IBGE Cimar Azeredo.

Os índices de inflação começaram a subir em julho, principalmente por causa da alta dos preços dos alimentos, em especial, o leite. O rendimento real calculado pelo IBGE é deflacionado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que subiu de 0,32%, em julho, para 0,59%, em agosto.

O economista do Ipea Lauro Ramos minimiza a queda na renda. Para ele, o recuo é considerado pequeno, refletindo a estagnação do mercado de trabalho. O pesquisador destaca ainda o fato de que a maior parte das vagas criadas, tanto no mês de agosto quanto no ano, tem caráter formal.

Vagas com carteira assinada crescem 2,5% ante julho

O contingente de trabalhadores com carteira assinada em agosto cresceu 2,5% em relação ao mês anterior, a maior elevação registrada na série histórica da PME, iniciada em março de 2002. Em relação a agosto de 2006, o aumento é de 7%, o maior desde maio de 2005.

Já o número de trabalhadores sem carteira assinada no mês de agosto registrou decréscimo de 6,2% ante o mesmo período de 2006. De acordo com o IBGE, parte desses trabalhadores ingressou no mercado formal e parte migrou para o emprego por conta própria, apesar de, nessa categoria, o rendimento ser inferior ao do mercado formal. O rendimento de pessoas que trabalham por conta própria em agosto de 2007 subiu 5,2% na comparação com 2006.

- Apesar do crescimento, ainda temos um déficit grande de trabalhadores sem cobertura como vale-transporte, férias, décimo terceiro - comentou Azeredo.

A população ocupada cresceu 1% na comparação com o mês de julho - foram criados 217 mil postos de trabalho no período. Na comparação com agosto de 2006, a alta foi de 2,9%, com a criação de 594 mil vagas. De acordo com o IBGE, mesmo havendo criação de empregos, o volume não foi suficiente para absorver a procura no mês de agosto e, com isso, reduzir a taxa de desocupação. O IBGE estima que a taxa de desocupação, que, na média do ano, está em 9,8%, deverá fechar 2007 com menos de dois dígitos.

Segundo o IBGE, em agosto, houve uma pressão maior no mercado de trabalho por causa do contingente de pessoas que estão retornando de férias e que voltaram a procurar emprego. Segundo Azeredo, a tendência daqui para frente é que as taxas sejam menores.

Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os resultados da pesquisa não foram satisfatórios, porque a taxa de ocupação foi mantida em 9,5%.

(*) Com agências internacionais

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