Título: Governistas simplificam processo de votação para tentar garantir CPMF
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 22/09/2007, O País, p. 4

BARGANHA NA BASE: Preocupação do governo é com quórum da base aliada.

Mesa da Câmara reduz de 65 para 20 o número de emendas ao projeto.

BRASÍLIA. Enquanto mantém abertas as negociações com os partidos aliados em torno de cargos e liberação de emendas, o governo monta uma estratégia para tentar driblar a ferrenha obstrução da oposição e garantir, na próxima semana, a conclusão da votação da emenda que prorroga a CPMF até 2011. Por meio da análise técnica da própria Mesa, foram reduzidas de 65 para 20 o número de emendas apresentadas ao texto, mas há ainda outros dez destaques para serem apreciados. A preocupação do governo é manter as insatisfações na base controladas para garantir quórum maior na sessão de terça, já que precisará sempre de 308 votos para derrubar os destaques.

- Estamos tentando simplificar ao máximo o processo de votação - disse o vice-líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), acrescentando que é natural num governo de coalizão haver negociações.

- Quanto mais demorar na Câmara, mais aumenta o poder da oposição no Senado, onde a maioria do governo não é acachapante - rebateu o deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC).

Numa corrida contra o tempo, o governo quer concluir a votação do primeiro turno da prorrogação da CPMF, com alíquota de 0,38%, na próxima semana, mas isso só será possível se o número de destaques e emendas cair mais. A partir de 1º de outubro, novas medidas provisórias começam a trancar a pauta da Câmara. Esta semana, o governo teve que revogar três MPs para limpar a pauta.

Se não concluir a votação na Câmara semana que vem, o Planalto terá que avaliar a possibilidade de revogar MPs. Há uma tentativa dos governistas de sensibilizar a oposição e controlar a base aliada, para evitar ausências e abstenções verificadas na votação de quarta-feira.

Governistas e oposição tentam ampliar margem de votos

Só no PMDB faltaram 15 votos: 77 deputados votaram com o governo, mas oito votaram contra, um se absteve e outros sete faltaram, totalizando 17 baixas de uma bancada de 93. Votaram 86. Entre as ausências, os deputados Jader Barbalho (PA), Nelson Trad (MS) e Maria Lúcia Cardoso (MG), que chegou a ser convocada pelo líder Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) a viajar para Brasília. Entre os que votaram contra a CPMF estão a deputada Rita Camata (ES) e ainda os vice-líderes Rocha Loures (PR) e Francisco Rossi (SP), que chegou a pedir afastamento do cargo. Os dois avisaram que tomariam essa posição.

- Para mim, ficou difícil. Meu pai é da Federação das Indústrias do Paraná - justificou Rocha Loures quarta-feira.

A oposição também quer conter votos que favorecem a aprovação da CPMF. O DEM teve o maior número de ausências: 18 de uma bancada de 59. Votaram 41 deputados, sendo que três a favor da CPMF, que devem ser expulsos do partido. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), estava em viagem do partido à Europa. O líder do DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS), está, também pelo partido, na Colômbia.