Título: Denúncias e acusações
Autor: Colon, Leandro; Rocha, Marcelo
Fonte: Correio Braziliense, 09/04/2009, Políica, p. 2

O Senado mergulhou numa onda de denúncias desde a eleição de seu novo presidente, José Sarney (PMDB-AP), em fevereiro passado. Naquela ocasião, o líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM), subiu à tribuna para defender o afastamento de Agaciel Maia, então diretor-geral, sob o argumento de que seria preciso submeter o Senado a um processo de moralização. Num primeiro momento, Sarney manteve Agaciel no posto ¿ ele havia sido conduzido ao cargo 14 anos antes pelas mãos do peemedebista ¿, mas o servidor não resistiu à denúncia de que ocultara das autoridades mansão no Lago Sul avaliada em R$ 5 milhões.

Foi apenas o começo. Após denúncia publicada no Correio, João Carlos Zoghbi foi afastado do comando da Diretoria de Recursos Humanos ao admitir que cedeu apartamento funcional a um dos filhos enquanto residia numa casa também localizada no Lago Sul. Descobriu-se a lista de outros servidores agraciados com imóveis públicos. E o critério de distribuição de alguns deles: vínculo com a cúpula administrativa da Casa. Nas contas do Senado, seriam 181 os funcionários com cargos de direção. Para piorar, mais de 3 mil funcionários receberam horas extras durante o recesso parlamentar de janeiro, autorizados pelo senador Efraim Morais (DEM-PB), então primeiro-secretário.

As denúncias não se restringiram a servidores. A Roseana Sarney (PMDB-MA), líder do governo no Congresso, foi acusada de usar, em março, parte da cota de passagens para custear a viagem de sete parentes, amigos e empresários do Maranhão para Brasília. Por meio de sua assessoria, a senadora disse que nenhum dos integrantes da lista de supostos beneficiados com as passagens viajou às custas do Senado. No lado oposto, veio à tona a informação que Tião Viana (PT-AC) cedeu o celular pago pelo Senado para sua filha usar em viagem de férias ao México.