Título: Controle piorou no Brasil
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 22/09/2007, Economia, p. 33

Em julho, um levantamento do Banco Mundial (Bird) mostrou a piora da corrupção no Brasil, com a perda de terreno do poder público no controle dessa distorção. Entre 2002 e 2006, segundo o estudo, também diminuíram a eficácia do governo, bem como a qualidade regulatória e a capacidade de imposição do "império da lei".

No quesito "controle da corrupção", que se refere à medida em que o poder público é voltado para o benefício do setor privado - "incluindo tanto formas grandes e pequenas de corrupção, assim como a captura do Estado pelas elites e interesses privados", o Brasil registrou a maior queda entre os seis itens avaliados: obteve 47,1% em 2006, quando em 2002 obtivera uma posição bem melhor: 60%.

Com referência à eficácia do governo, o índice caiu de 55% para 52,1%. A qualidade regulatória (capacidade do governo para formular e implementar políticas) baixou de 57% para 54,1%. E, na manutenção do império da lei - "que mede, particularmente, a qualidade da implementação de contratos, a qualidade da polícia e dos tribunais, assim como a probabilidade de crime e violência" -, a queda registrada foi de 43,5% para 41,4%.

Países como Chile, Costa Rica e Uruguai obtiveram os melhores índices da América Latina. No quesito "controle da corrupção", por exemplo, os chilenos obtiveram 89,8%. A Venezuela, por sua vez, alcançou nada mais do que 12,6% nesse item.

Pelas estimativas do Bird, US$1 trilhão foi gasto com subornos em 2006. O pior, segundo o informe divulgado em julho, é que está comprovado que "o peso da corrupção recai de forma desproporcional sobre as costas de um bilhão de pessoas que vive em extrema pobreza".