Título: Governo hesita em ampliar desoneração
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 22/09/2007, Economia, p. 38

Aumento do consumo levanta dúvidas sobre a necessidade da medida.

BRASÍLIA. A expectativa de crescimento de 6,1% do consumo este ano, em decorrência de fatores como a expansão da massa salarial, o recuo do desemprego e o aumento do crédito para a pessoa física, já provoca um debate na área econômica sobre a necessidade ou não de se promover novas desonerações de impostos e mais medidas de acesso ao financiamento com juros menores. Segundo uma fonte da equipe econômica, o assunto gera uma divisão no governo, que se preocupa com o aumento da inflação.

Há quem defenda que estimular o consumo significará, em um prazo curto, o aumento da inflação. Outra corrente afirma que, ao incentivar a produção e os investimentos, a oferta aumentará para atender à demanda. Fontes da área econômica estão preocupadas com a primeira possibilidade, por considerar que a relação entre consumo e inflação gera resultados mais rápidos que incentivar investimentos no parque industrial e em infra-estrutura.

Economistas pedem corte nos gastos públicos

O que se diz nos bastidores é que o Ministério da Fazenda vem trabalhando, hoje, exclusivamente com a desoneração da folha de pagamentos. A grande pergunta no momento é: como atender às demandas da sociedade por redução do peso de impostos e contribuições?

- A economia está muito aquecida e ninguém sabe ainda como a oferta vai reagir - disse o economista-chefe do banco WestLB, Roberto Padovani, para quem a agenda do governo deveria ser o avanço da reforma tributária, a instituição de um marco para as agências reguladoras e o corte de gastos públicos.

Para o economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Paulo Mol, o Brasil precisa melhorar sua capacidade de produção, e uma das saídas é tornar os custos dos empresários menos onerosos.

- O problema está no gasto do governo, que aumenta 10% ao ano, o dobro do PIB.