Título: Opção pelos bastidores após operação da PF
Autor: Vasconcelos, Adriana e Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 23/09/2007, O País, p. 10

Ação em empresa da senadora atropelou candidatura em 2002.

BRASÍLIA. Amigos mais próximos de Roseana Sarney contam que a senadora teria decidido sair dos holofotes de forma definitiva em 2002, quando sua pré-candidatura à Presidência da República foi atropelada por uma operação da Polícia Federal que apreendeu R$1,34 milhão, em São Luís. A apreensão ocorreu no escritório da empresa Lunus, da qual Roseana era uma das sócias, durante a investigação de desvio de recursos da Sudam. Roseana já foi excluída da investigação na Justiça, porque nada foi provado contra ela ou a empresa, mas o episódio a deixou ainda mais cautelosa no jogo da política.

- A Roseana ficou introspectiva, principalmente depois daquela operação da Polícia Federal. Ela prefere fazer a política do bastidor. Ela é uma articuladora de mão cheia. Tem uma atuação quase invisível. Mas quase tudo no Congresso e no Senado passa por ela. Em compensação, não gosta de tribuna. Quase não faz discurso - diz o senador Gilvam Borges (PMDB-AP), amigo da família. Desafio atual é prorrogar a vigência da CPMF

O senador do Amapá, hoje um dos mais atuantes na defesa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), revela que Roseana foi fundamental na estratégia de bastidor que ajudou o peemedebista a escapar da cassação. Na próxima semana, Roseana deverá emprestar sua experiência legislativa para ajudar o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), a costurar um acordo com a oposição que permita a retomada das votações. Faz parte de sua função de líder do governo, mas significaria um alívio para Renan, tendo em vista que a paralisia da Casa reforça a pressão pelo seu afastamento do cargo.

- Um dos maiores desafios do governo até o fim do ano será aprovar a prorrogação da CPMF - admite Roseana, que, como líder do governo no Congresso, tem como atribuições principais articular assuntos das sessões bicamerais, como o Orçamento da União e apreciação de vetos presidenciais.

Derrotada na eleição passada, quando tentou voltar ao governo do Maranhão, a senadora evita fazer planos para o futuro. No máximo, pretende retomar as aulas de meditação e acalentar um sonho antigo:

- Meu sonho é poder cuidar de meus netos na minha casa em Curupu (ilha na costa maranhense).

Para a senadora, foi necessário aprender a administrar o destaque conquistado no ainda masculino universo da política brasileira:

- Ser mulher às vezes ajuda, às vezes atrapalha.