Título: Queimadas aumentam 34% e podem chegar a 114 mil
Autor: Taves, Rodrigo
Fonte: O Globo, 23/09/2007, O País, p. 12

A FLORESTA ARDE: Maioria ocorre no segundo semestre.

Projeção do Inpe considera focos de calor na Amazônia.

BRASÍLIA. O número de focos de calor na Amazônia detectados por satélite aumentou 34% de janeiro a julho, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o Ibama. Nos primeiros sete meses de 2006, foram registrados 9.136 focos de calor na Amazônia Legal, contra 12.285, até julho deste ano. Ou seja, houve um incremento de 3.149 pontos de prováveis queimadas na região.

Os dados, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram captados pelo satélite Nooa-12, desativado no mês passado. Desde 10 de agosto, o monitoramento é feito pelo Nooa-15, que já detectou 25.699 pontos de calor. De acordo com o Ibama, não é possível comparar os dados, já que a calibragem dos equipamentos é diferente.

Se o ritmo verificado de janeiro a julho deste ano for mantido, 2007 terminará com mais de 114 mil focos de calor. A projeção considera o acréscimo de 34% constatado até julho, na comparação entre os sete primeiros meses de 2006 e 2007. A análise dos registros de anos anteriores mostra grandes variações sazonais: a maioria das queimadas ocorre no segundo semestre.

O analista ambiental do Ibama Daniel Gomes-Loebmann esclarece que cada foco de calor não é necessariamente um incêndio. Através de sensores, o satélite detecta variações de temperatura que podem ou não ser causadas pelo fogo. O aprimoramento dos satélites, porém, reduziu drasticamente os casos de falsos positivos.

- Se tiver um banco de areia, por exemplo, ele pode esquentar bastante, e aí o satélite detecta como foco de calor. Mas hoje isso é muito raro - diz Gomes-Loebmann, informando que o Inpe regula os satélites para evitar esse problema.

A coordenadora do Núcleo de Prevenção e Combate aos Incêndios do Ibama, Giselle Paes Gouveia, diz que equipes em solo são acionadas para controlar o fogo nas unidades de conservação. Na sexta-feira, segundo ela, havia no país cinco unidades de conservação em alerta vermelho, isto é, com focos de incêndio. Ela lembra que o Ibama autoriza a prática das queimadas na atividade agrícola e pecuária, desde que controladas e em extensões compatíveis com o tamanho da propriedade.

De 2004 a 2006, porém, o número de focos de calor na Amazônia Legal caiu pela metade, de 173.286 para 85.364.