Título: Centro de estudos do país vive agonia em Oxford
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 23/09/2007, O País, p. 16

Petrobras e Itamaraty retiram apoio anual de US$130 mil; dirigente vem ao Brasil pedir apoio e sai de mãos vazias.

BRASÍLIA. Despejado no mês passado por falta de patrocínio, o principal bunker nacional na comunidade acadêmica européia vive dias melancólicos à espera do fim oficial de suas atividades. A longa agonia do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Oxford começou em 2005, quando o Ministério das Relações Exteriores e a Petrobras retiraram um apoio conjunto de US$130 mil anuais. Na semana passada, o brasilianista Leslie Bethell, que dirige o centro desde sua fundação, há dez anos, veio ao país com um pedido de socorro a empresários. Passou o pires no Rio e em São Paulo, mas voltou à Inglaterra de mãos abanando.

- É uma lástima. O centro vai virar uma mesa no programa de estudos latino-americanos e desaparecer - lamenta o historiador José Murilo de Carvalho.

Em março do ano passado, em visita ao Reino Unido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou convênio com o então primeiro-ministro Tony Blair em que assumia o compromisso de dar "apoio contínuo" ao núcleo. Outra promessa de viagem, a criação da Cátedra Rio Branco de relações internacionais em Oxford, também ficou no papel. Abatido, Bethell procura razões para o fim do patrocínio.

- É difícil explicar o que houve. Nunca recebi uma explicação oficial para o fim da ajuda do Itamaraty e da Petrobras. O apoio foi simplesmente interrompido - conta o brasilianista.

Orçamento anual do centro é de US$400 mil

Um pesquisador brasileiro que esteve em Oxford a convite do centro atribui seu fechamento a uma opção política do Itamaraty, que tem reorientado os esforços de política externa a países da África e da América Latina. O apoio de empresas privadas, como a Gerdau, a Votorantim e o Banco Safra, não é suficiente para bancar o orçamento anual de US$400 mil. Procurado na sexta-feira pelo GLOBO, o Ministério das Relações Exteriores informou que o diretor do Instituto Rio Branco, que respondia pelo patrocínio, estava fora do país e não poderia falar. A Petrobras alegou ter trocado o apoio pelo envio de técnicos a outros departamentos de Oxford. "A parceria com a universidade segue viva, só que em outras bases", diz nota da estatal.