Título: PE desperdiça R$448 milhões ao ano na educação
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 23/09/2007, O País, p. 17

Com 100 mil fora da escola e vagas sobrando, estado gasta fortuna com evasão, repetência e aulas não ministradas

RECIFE. Se o Brasil investe pouco em educação e distribui mal aquilo que gasta - como apontou esta semana o relatório "Educação num olhar 2007", divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico --, pode-se dizer que também desperdiça bastante. Pelo menos em Pernambuco. A cada ano, escoam pelo ralo no mínimo R$448 milhões no sistema oficial de ensino, de acordo com um levantamento que acaba de ser concluído pela Secretaria de Educação. É dinheiro que se perde com evasão, repetência, pagamento de aulas não ministradas e de professores que passam longe da sala de aula, em um estado onde as próprias autoridades informam que há cerca de 100 mil crianças fora da escola.

O problema, no entanto, não vem do excesso de demanda. Ao contrário, a oferta de vagas é até maior: 125 mil. Mas essa não é a única distorção no setor. Na gestão passada, o governo do estado foi questionado pelo Ministério Público, que cobrava a contratação de 8.440 professores. Na época, O GLOBO chegou a registrar casos de alunos que ao fim do ano ainda não haviam tido uma só aula de geografia, física ou química. Eles relataram que estranhavam a aprovação sem sequer ter feito as provas. Mas um mapeamento da carga horária em regência dos professores nas 1.110 escolas estaduais mostrou outra distorção.

De acordo com os números colhidos pela Secretaria da Educação, embora o estado pague semanalmente 758.860 horas semanais, só 622.225 são realmente ministradas, o que indica um desperdício de 136.635 horas/aula por semana, ao custo mensal de R$3.635.658,00.