Título: Chávez critica imprensa brasileira
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Fonte: O Globo, 24/09/2007, O País, p. 4

Venezuelano diz que há uma campanha para evitar união do Brasil e seu país.

BUENOS AIRES. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, acusou meios de comunicação e setores do legislativo brasileiros de integrarem campanha para evitar a união entre os dois países. Em seu programa semanal "Alô Presidente", ontem, criticou a cobertura jornalística de seu encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Manaus, quinta-feira. Na avaliação de Chávez, parte da imprensa "pretendia ofuscar os resultados e o êxito" de sua reunião com Lula:

- A grande imprensa é a principal arma que tem hoje o imperialismo para tentar evitar nossa união - afirmou Chávez, dizendo que o maior interessado em impedir o ingresso da Venezuela no Mercosul são os Estados Unidos.

No programa, Chávez negou ter se referido ao Congresso brasileiro durante a visita:

- Eu me meti com o Congresso do Brasil? De nenhuma maneira! Não disse nada... a imprensa do Brasil já começou a dizer: "Chávez atacou novamente o Congresso".

Embora agora negue, quinta-feira o líder venezuelano criticou o atraso do Legislativo em aprovar o protocolo de adesão plena de seu país ao Mercosul.

- Estou seguro de que é a mão do império, a mão norte-americana. Se a Venezuela não ingressar no Mercosul, será vitória do império - disse em Manaus.

Ontem, Chávez afirmou que seu governo "estará atento à decisão dos Congressos do Brasil e do Paraguai". Disse que Lula reiterou o apoio do governo brasileiro ao desejo da Venezuela de fazer parte do Mercosul.

- Saibam os brasileiros que está em marcha uma campanha para evitar a união entre a Venezuela e o Brasil. Eu me remeto à consciência do povo do Brasil e de seu presidente, Lula - afirmou o venezuelano, que considerou "uma questão política e não técnica" o processo de entrada de seu país ao Mercosul.

O líder venezuelano disse ainda que muita gente acaba acreditando que ele era inimigo do Brasil e que essa era uma estratégia "do império para impedir a união (dos dois países) e depois dominá-los".

Chávez criticou a entrevista do vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), que disse que as declarações do venezuelano em Manaus deixavam em dúvida sua sanidade mental. O senador chamou Chávez de louco e afirmou que ele não tinha estatura para ser "presidente de uma nação, de um povo, de uma democracia". O venezuelano respondeu que os comentários eram "motivo de riso e tristeza" e se disse vítima de agressão.

- Alguns senadores do Brasil decidiram que Chávez é um tirano - afirmou, acrescentando que "Lula não entra nessa".

Com agências internacionais