Título: Brasil, Índia, China e Rússia combinam encontros
Autor: Martins, Marília
Fonte: O Globo, 25/09/2007, O País, p. 3

Países, que formam o Bric, vão discutir temas como desenvolvimento e energia.

NOVA YORK. O ministro Celso Amorim fez um balanço do dia de negociações do Brasil na ONU. Ele teve uma extensa agenda de encontros bilaterais e um almoço com os ministros das Relações Exteriores de Índia, China e Rússia. De acordo com Amorim, a reunião entre os chanceleres dos países que compõem o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) permitiu criar um processo que deve se dividir em várias etapas com o objetivo de discutir temas da realidade internacional. Os embaixadores desses países vão se encontrar com certa periodicidade, provavelmente a cada dois meses, em capitais que abrigam organismos internacionais, como Nova York, Washington, Genebra, Viena, Nairóbi e Paris, para discutir temas como desenvolvimento e energia.

- Concordamos ainda em realizar um encontro entre vice-ministros e diretores-gerais de cada um dos países no Brasil, no período entre fevereiro e março - disse o ministro Celso Amorim. - Depois, na primavera do hemisfério norte (abril-maio), haveria uma reunião ministerial na Rússia - completou.

O chanceler Celso Amorim também falou sobre os encontros que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve na ONU com os presidentes da Coréia do Sul, da Polônia, da República Tcheca e da Alemanha:

- Com os presidentes da República Tcheca e da Polônia, ficou o convite para que Lula visite os dois países. Com o presidente da Coréia do Sul, houve o anúncio do aumento de investimentos no Brasil, sobretudo num centro de informática e de transferência de tecnologia. Com o Timor Leste, conversamos sobre parcerias nas áreas de educação.

Sobre as mudanças climáticas, o chanceler fez questão de sublinhar a disposição do Brasil de participar dos dois grupos de trabalho - aquele criado no âmbito da ONU, por iniciativa do secretário-geral, Ban Ki-Moon, e o instituído pelo presidente Bush no encontro sobre clima que vai acontecer em Washington quinta e sexta-feira.

- Fazemos questão de frisar que o Brasil está engajado em participar dos dois grupos de trabalho, mas espera que o grupo criado pelo presidente Bush tenha os seus esforços confluídos para a ONU - disse Amorim.

No que se refere especificamente à Organização Mundial do Comércio (OMC), Amorim foi incisivo:

- Naturalmente que os dois presidentes trataram da OMC. Bush reafirmou que aceitaria os parâmetros do texto de agricultura apresentado em Genebra. Os dois demonstraram disposição de avançar, e, no nosso caso, como estamos em nome do G-20, temos uma negociação mais complexa. Ambos estão envolvidos com o tema.

Quanto à questão do etanol, Amorim viu como avanço o fato de que o biocombustível passou a ser visto como matriz energética e não mais como commodity agrícola:

- Essa é uma mudança importante que vai abrir muito caminho para a entrada do etanol no mercado americano, que é o que todos nós esperamos.