Título: Avanço do PT na Petrobras revolta base, e aliados cobram cargos já
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 25/09/2007, O País, p. 4

Governo se movimenta para acalmar deputados e garantir votação da CPMF.

BRASÍLIA. Irritados com a manobra da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que antecipou duas nomeações de petistas na Petrobras e na BR Distribuidora, os partidos da base aliada adotaram o discurso de que o próprio governo deflagrou as nomeações, quando o acerto era deixá-las para depois da conclusão da votação da CPMF na Câmara. O governo já começou as conversas para acalmar a base e quer retomar hoje à tarde o processo de votação da prorrogação da CPMF até 2011, com alíquota de 0,38%. O líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE), vai se reunir com os líderes da base governista para convencê-los de que pressionar o Planalto, neste momento, antes da aprovação da CPMF, não é a melhor estratégia.

- O governo começou as nomeações que queria fazer. Portanto, deverá prosseguir nas nomeações nos outros casos. Esse foi o recado do governo - disse o presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP).

- Sobre nomeações, neste momento, acho indevido. Não deveria ter sido feito agora. É um risco e um complicador vincular essas nomeações à votação da CPMF. Agrada a um partido e, agora, os outros partidos da base vão ficar esperando para ver atendidos seus pleitos. Isso é muito complicado, porque ainda temos a votação de destaques - afirmou o líder do PSB na Câmara, Márcio França (SP).

As nomeações de José Eduardo Dutra para a presidência da BR Distribuidora e de Maria das Graças Foster para a diretoria de Gás e Energia da Petrobras já eram esperadas, mas ocorreram quando os outros partidos faziam indicações para a Petrobras, e recebiam a promessa de que tudo seria resolvido após aprovada a CPMF.

Para o Palácio do Planalto, queixas são isoladas

Múcio soube da nova rebelião domingo e acionou o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, que está cuidando das denúncias de seu envolvimento no chamado valerioduto mineiro. O presidente Lula foi alertado, mas o discurso no Planalto é que as nomeações eram necessárias e que as queixas são isoladas.

- Estamos trabalhando para botar as coisas no lugar e acalmar a base - disse Múcio, apostando na aprovação.

O líder do PP na Câmara, Luciano de Castro (RR), disse que o timming do governo foi equivocado, mas aposta na conclusão da votação da CPMF:

A meta é concluir a votação esta semana, mas os líderes sabem que isso será difícil. O governo terá que garantir que a base permaneça em plenário e garanta o mínimo de 308 para derrubar os destaques apresentados ao texto base, aprovado semana passada. A previsão otimista é que a emenda só chegará ao Senado a partir da segunda semana de outubro.

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