Título: Lula vê números positivos, mas admite que PAC 'a todo vapor' só em 2008
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 25/09/2007, Economia, p. 22

Para presidente, apenas no ano que vem haverá 100% de funcionamento.

BRASÍLIA. Com quatro dias de atraso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem sua primeira análise do segundo balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), apresentado na semana passada. Apesar de dizer que "os números são mais do que positivos" - houve empenho de 45% dos recursos previstos para o ano, foi concluída a primeira carteira de projetos e estão marcadas licitações até o fim de 2008 que somam R$48 bilhões -, Lula admitiu que o PAC, principal plano de seu segundo mandato, só será executado plenamente a partir do ano que vem.

- O PAC está andando dentro daquilo que nós tínhamos programado, ou seja, é um acompanhamento sistemático, um acompanhamento envolvendo a imprensa, envolvendo a sociedade, para que o PAC comece, a partir do ano que vem, a funcionar 100%, a todo vapor - afirmou Lula, no programa semanal de rádio "Café com o presidente".

Obras de saneamento só devem começar em fevereiro

Segundo Lula, muitos projetos incluídos no PAC dependem de licenciamento prévio e licitação. Nessas etapas, lembrou o presidente, há possibilidade de as empresas recorrerem à Justiça. É o caso do leilão da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, orçada em R$9,5 bilhões. Lula estima, por exemplo, que as obras de saneamento básico, embora os convênios já tenham sido assinados com as cidades acima de 150 mil habitantes, só começarão em fevereiro de 2008:

- Algumas obras já estão andando muito bem, outras vão começar a andar, e a minha expectativa é que todo o dinheiro que nós colocamos para saneamento básico, que são praticamente R$40 bilhões em quatro anos, que as obras comecem em fevereiro.

O presidente disse ainda que o dinheiro previsto no Orçamento da União para obras do PAC liberado até agora é suficiente. Segundo ele, da dotação de R$14,771 bilhões, foram pagos 10%, mas a maior parte está empenhada. Na semana passada, os ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, disseram que o governo vai chegar aos R$15,8 bilhões em recursos orçamentários que foram prometidos no lançamento do PAC, em janeiro.

- Eu acho que vamos chegar ao fim do ano com uma participação muito maior de pagamento, e que vamos entrar o próximo ano com o PAC a todo o vapor - afirmou Lula.

Ele lembrou que 80% das obras do PAC estão em ritmo adequado, contra 52% do primeiro balanço, em abril. E apenas 9,7% das ações foram classificadas de preocupantes. Lula também cobrou a participação da iniciativa privada:

- O PAC é um desafio, não apenas para o governo, mas para a participação da iniciativa privada, junto com o governo, na construção da infra-estrutura no país.