Título: Senadores se preparam para mudanças
Autor: Jungblut, Cristiane e Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 26/09/2007, O País, p. 8
BRASÍLIA. Às vésperas do Supremo Tribunal Federal (STF) tomar decisão que pode levar à perda de mandato de deputados que mudaram de partido, o Senado ensaia intenso troca-troca. Os senadores Romeu Tuma (DEM-SP), Demóstenes Torres (DEM-GO), Expedito Junior (PR-RR) e Flávio Arns (PT-PR) confirmaram que podem mudar de partido nos próximos dias. O governo Lula estimula os descontentamentos, no caso dos senadores do DEM, para reduzir o poder de fogo da oposição na Casa e, assim, facilitar a aprovação da prorrogação da CPMF.
Tuma e Torres estão de saída por causa de problemas políticos regionais. Temem não ter apoio do partido para disputar a reeleição em 2010. Arns, além de criticar a ação do PT para absolver o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusa o governo de querer estatizar atividades assistenciais exercidas pelo terceiro setor, no atendimento a idosos, deficientes, crianças e adolescentes.
- No caso Renan, o partido trabalhou articulado para absolvê-lo. Prevaleceu a bandeira da conveniência em relação à da ética. Além disso, venho dos movimentos sociais, e o governo Lula está desconsiderando sua ação, criando regras burocráticas e obstáculos - disse Arns.
O petista, eleito com os votos da Igreja Católica, recebeu convite de praticamente todos os partidos, mas ainda não se decidiu. Tuma também informou ter recebido convites de vários partidos e afirmou que está indeciso entre o PR e o PTB, da base aliada. Disse que vai esperar até 3 de outubro, data em que o STF deve julgar a ação que trata da perda de mandato para os que mudaram de partido depois de eleitos. Tuma é candidato à reeleição e procura uma sigla que o apóie:
- O DEM decidiu que o Guilherme Afif vai ser o candidato, e vou ficar sem nada. Por isso estou conversando com quem manda nos partidos em São Paulo antes de me decidir. Posso ser candidato a prefeito da capital. Mas vou esperar pelo STF.
O problema de Torres é semelhante. Candidato à reeleição em 2010, sente-se desconfortável com as reiteradas declarações do ex-deputado Vilmar Rocha de que será candidato ao Senado. Para continuar no DEM, Torres deu um ultimato ao partido, pedindo que, desde já, lhe garanta apoio à sua reeleição. O PR tenta atraí-lo.
- Quero a garantia de que serei o candidato a senador em 2010. Caso contrário, me liberem para que eu possa ver para onde vou - disse Torres.
As mudanças também envolvem partidos governistas. A senadora Patrícia Saboya (CE) pode trocar o PSB pelo PDT, para concorrer à prefeitura de Fortaleza. Eleito pelo PPS, Expedito Júnior se filiou ao PR para tentar liberar recursos para Rondônia, mas, descontente com os resultados alcançados até agora, decidiu voltar para a oposição.