Título: PMDB frustra intervenção de Renan em Sergipe
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 26/09/2007, O País, p. 9

Senador queria dar diretório local ao aliado Almeida Lima.

BRASÍLIA. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sofreu um duro golpe da executiva do partido e não conseguiu fazer a intervenção no diretório do PMDB de Sergipe para entregar o comando da legenda ao senador Almeida Lima (PMDB-SE). Esse seria o preço pelo apoio incondicional do principal integrante da sua tropa de choque. Depois da constatação de que Almeida Lima perderia por oito votos contra cinco, o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, pediu vistas e adiou a decisão.

Almeida Lima quer comandar o partido em Sergipe para acabar com a aliança regional do PMDB com o governador Marcelo Déda (PT-SE). Ele deseja ser candidato à Prefeitura de Aracaju, no próximo ano, em oposição ao governador petista. Para garantir a intervenção, Renan fez uma forte mobilização. Até o senador José Sarney (PMDB-AP) foi acionado para telefonar para deputados contrários à intervenção.

Para garantir um relatório favorável, foi acionado o ex-senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), que há três meses renunciou ao mandato depois de ser flagrado numa conversa telefônica negociando a divisão de R$2,2 milhões em dinheiro. Na reunião de ontem, Roriz declarou-se favorável à intervenção. Renan já havia garantido ao senador Almeida Lima o controle do partido no estado.

STF nega pedido para tornar secretos votos no Conselho

A intervenção só não ocorreu por causa de uma mobilização da bancada na Câmara que saiu em defesa do deputado Jackson Barreto (PMDB-SE), cujo grupo político controla o partido no estado. Ele acusou Renan de estar por trás da tentativa de fazer a intervenção em Sergipe.

- Por causa do apoio que o Almeida Lima deu a Renan, ele queria passar por cima do partido em Sergipe. Ele ficou muito influente quando se aproximou de Renan. Mas esse acordo era contrário à posição do partido no estado. Até porque o Almeida Lima não tem força eleitoral. Ele só foi prefeito de Aracaju porque foi o meu vice-prefeito- atacou o deputado Jackson Barreto.

O líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), tentou minimizar as divergências e disse que o partido vai buscar um entendimento na próxima semana.

- Não era o momento de votar a intervenção. As posições estavam muito acirradas. Vamos tentar um acordo para evitar seqüelas - disse Henrique Alves.

A ministra Cármen Lúcia Antunes, do Supremo Tribunal Federal, negou ontem a Almeida Lima pedido de liminar para tornar secretos os votos em todas as sessões do Conselho de Ética do Senado dedicadas à cassação de mandatos parlamentares. Renan ainda enfrenta três processos de quebra de decoro.

COLABOROU Carolina Brígido