Título: PSDB lava as mãos sobre acusação contra Azeredo
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 26/09/2007, O País, p. 10

Partido evita defesa de senador no caso do valerioduto mineiro.

BRASÍLIA. O PSDB decidiu lavar as mãos em relação ao envolvimento do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) com o valerioduto mineiro. A cúpula do PSDB evitou fazer qualquer defesa antecipada e vai aguardar a posição da Procuradoria Geral da República em relação ao episódio. Nos bastidores, Azeredo cobrava uma postura mais firme do partido em sua defesa, o que não ocorreu. Ele deverá ficar sozinho em sua defesa.

- Temos que aguardar. Não podemos tomar providência sobre o que não existe. Não dá para assumir uma defesa antecipada, sem saber o que vem. Temos que aguardar o que o Ministério Público vai apresentar e se haverá denúncia ou não - disse o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE).

Azeredo reuniu-se com Tasso e a conversa a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) no gabinete do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). Contestou o conteúdo do relatório da Polícia Federal que aponta a existência de caixa dois na campanha eleitoral de 1998, quando tentava a reeleição ao governo de Minas. O documento, assinado pelo delegado Luiz Flávio Zampronha, aponta a existência de uma lista de políticos beneficiários com doações. Pediu o apoio da bancada, mas o apelo não surtiu efeito.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), também foi cauteloso. Chegou a afirmar que houve caixa dois na campanha de Minas e comparou a situação de Azeredo à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O líder tucano afirmou que naquela eleição os coordenadores eram o atual presidente da CNT, Clésio Andrade, e o atual ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia:

- Do ponto de vista ético, Azeredo cometeu o mesmo pecado do caixa dois do presidente Lula. Ele (Azeredo) disse uma coisa que não foi legal: que não sabia de nada. Mas é preciso registrar que a campanha do primeiro turno foi coordenada pelo Clésio Andrade e a do segundo, por Walfrido Mares Guia. Agora, estamos aguardando a decisão do procurador-geral da República - disse Virgílio.

Apesar da cautela pública, a cúpula tucana já tem uma posição reservada de que o senador mineiro deve fazer sua defesa solitária, sem envolver o PSDB. A constatação no ninho tucano é de que o partido já se desgastou muito em 2005 quando, para proteger o governador Aécio Neves (PSDB-MG) e o próprio Azeredo, que ocupava o cargo de presidente do PSDB, resolveu amenizar o tom das críticas ao escândalo do mensalão. Os tucanos temem ser acusados de um acordão com o Planalto.