Título: Relatório da PF sobre valerioduto de MG é criticado
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 26/09/2007, O País, p. 13

Para Antonio Fenando, documento tem caráter opinativo.

BRASÍLIA.O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, demonstrou irritação com o excesso de publicidade dado ao relatório da Polícia Federal sobre o chamado valerioduto mineiro. Ele afirmou que na denúncia que apresentará ao Supremo Tribunal Federal (STF) as conclusões do documento da PF não serão levadas em conta, mas sim os dados reunidos no inquérito que tramita na corte. Ele criticou o que classificou de caráter opinativo do relatório.

O documento levanta suspeitas contra o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, e o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). Segundo a PF, ambos teriam atuado diretamente no esquema de caixa dois que abasteceu a campanha fracassada do senador ao governo de Minas Gerais, em 1998.

- Não vou me basear no relatório, vou me basear nos autos. Quando a Polícia Federal dá opinião no relatório, ele deixa de ser relatório - afirmou.

Além de acusar Mares Guia de atuar no esquema, o relatório da PF pede ao Ministério Público faça uma devassa nos dados sigilosos de sua empresa, a Samos Participações. A empresa pagou uma dívida de R$511 mil da campanha após pedir empréstimo ao Banco Rural. A dívida nunca foi paga, reconheceu Mares Guia esta semana.

O documento afirma ainda que, ao todo, 159 políticos estariam envolvidos no esquema. E que parte do dinheiro que circularam por caixa dois é fruto de desvio de recursos públicos.

Inquérito será concluído "em breve", diz procurador

Antonio Fernando disse que, no momento, não pedirá mais diligências para concluir o inquérito. Nas conclusões do relatório, a PF afirma que o Ministério Público deverá avaliar a necessidade de realização de "diligências complementares, visando à localização e oitiva dos demais beneficiários dos recursos transferidos pelas empresas vinculadas a Marcos Valério".

Em breve, o procurador deverá enviar denúncia ao STF que, se for aceita pelo plenário da corte, transformará o caso em ação penal e os investigados, em réus. No entanto, o procurador-geral também pode, em tese, pedir o arquivamento do inquérito ? hipótese considerada improvável, segundo seus interlocutores. Apesar de ter anunciado para logo a decisão, ele evitou marcar uma data:

- Será breve. Mas não o breve dos jornalistas.