Título: Com PAC, economia para pagar juros cai 42%
Autor: Beck, Martha e Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 26/09/2007, Economia, p. 27

Em agosto, superávit fiscal do governo central fica em R$3,6 bilhões. Despesas crescem mais que arrecadação.

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O esforço do governo para incrementar os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nos últimos meses provocou uma redução na economia de recursos feita para pagar os juros da dívida pública. Em agosto, o chamado superávit primário feito pelo governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) ficou em R$3,6 bilhões, o que representa uma queda de 42,8% em relação ao mesmo período em 2006. As despesas também passaram a crescer acima do patamar da arrecadação.

Mesmo assim, no acumulado do ano, o superávit primário está em R$51,3 bilhões (3,11% do PIB), acima dos R$47,7 bilhões (3,18%) economizados até agosto de 2006. O compromisso assumido pelo governo central, segundo o Orçamento da União, é economizar o equivalente a 2,2% do PIB este ano. Nos últimos 12 meses, o percentual está em 2,12%. Mas o secretário do Tesouro, Arno Augustin, informou que há sazonalidades que só podem ser expurgadas na análise quadrimestral (período para o qual há metas fixadas).

Ele ressaltou ainda que, apesar do aumento das despesas com investimentos, não há risco de descumprimento das metas fiscais em 2007.

- Cumprimos com folga a meta de superávit primário prevista até agosto, que era de R$43,7 bilhões - disse, lembrando que, para o ano, a meta em reais é de R$53 bilhões.

Segundo relatório divulgado pelo Ministério da Fazenda, os pagamentos do governo com o Projeto Piloto de Investimentos (PPI) - que reúne as principais obras do PAC - somaram R$2,2 bilhões até agosto. O resultado representa 19,5% do total projetado para o ano, de R$11,3 bilhões, e está abaixo da previsão para os oito primeiros meses (R$3 bilhões). Mesmo assim, a execução representou aumento de 46% em relação aos gastos feitos até julho.

- Estamos fazendo um esforço para acelerar os investimentos - disse Augustin.

Ele ressaltou ainda que, entre janeiro e julho, os investimentos do governo de forma geral cresceram 23%, fechando o mês em R$8,6 bilhões. No entanto, em agosto, esses gastos subiram R$2,52 bilhões. Assim, a elevação dessas despesas no ano ficou 35% acima de 2006, somando R$11,184 bilhões:

- O investimento tem como característica um prazo de maturação diferente dos gastos de custeio. Demora mais. Mas vem crescendo de forma acelerada.

Ainda segundo a Fazenda, as despesas totais do governo central subiram 13,3% no ano, passando de R$242,8 bilhões para R$275,1 bilhões, com destaque para os investimentos. Os gastos com custeio e capital tiveram alta de 15,5%, as despesas com pessoal subiram 13,5% e os benefícios da Previdência, 11,7%.

Ainda que em ritmo menor, as receitas também estão crescendo. Elas subiram 12,4% no ano, passando de R$290,6 bilhões em 2006 para R$326,5 bilhões em 2007. No mesmo período do ano passado, esse aumento foi de 11,7%.

O Tesouro contribuiu para o desempenho do superávit primário com R$78,37 bilhões até agosto. Já a Previdência e o Banco Central registraram déficits de R$26,58 bilhões e R$451 milhões, respectivamente.

A produção da indústria de transformação paulista registrou alta de 4,5% em agosto na comparação com julho e de 5% ante o mesmo período do ano passado. Os dados, divulgados ontem pelo Centro e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp e Fiesp), não consideram ajuste sazonal. Com o ajuste, foi registrada estabilidade entre julho e agosto.

Indústria paulista estima crescer 5% este ano

A previsão para o Indicador de Nível de Atividade (INA) de setembro é de nova alta.

- Os número têm mostrado que o bom nível de atividade na indústria paulista está sendo mantido - disse Paulo Francini, diretor do Departamento de Economia da Fiesp.

Para o diretor de Economia do Ciesp, Antonio Carlos Lacerda, a indústria experimenta um momento de recuperação de sua atividade. Francini e Lacerda acreditam ainda que a tendência é de manutenção do nível de produção nos próximos meses, o que garantirá uma expansão próxima de 5% na indústria paulista em 2007. Esse bom momento, segundo Francini, no entanto, não indica risco de aquecimento que ocasione inflação por demanda.