Título: Vivo e Claro viram nacionais. Oi entra em SP
Autor: Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 26/09/2007, Economia, p. 28

Empresas compraram licenças em leilão promovido pela Anatel. Participação mostra disposição para o 3G.

BRASÍLIA. O leilão de licenças de celular realizado ontem pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) permitirá a consolidação da Vivo e da Claro como empresas com presença nacional. A TIM era a única que atuava em todo o Brasil. Além disso, a Oi prestará serviço no estado de São Paulo, o maior mercado. As empresas ainda aproveitaram essa venda de sobras de licenças para aumentar a capacidade de oferta onde atuam, comprando mais freqüências.

A expectativa é que até o fim de 2008 a Oi comece a oferecer o serviço em São Paulo. Um dos principais motivos é que cerca de 25% de seus clientes demandam roaming no estado. Segundo fontes do mercado, a oferta do roaming gratuito feita pela TIM é um diferencial competitivo importante.

A participação no leilão também sinaliza a disposição das empresas de entrar na licitação de Terceira Geração (3G) de celular, ainda sem data. Uma das condições do edital é que só poderão prestar o novo serviço nas áreas nobres as operadoras que já atuarem em estados mais pobres, no Norte e no Nordeste.

O país tinha, em agosto, 110,9 milhões de celulares - 80,34% pré-pagos e 19,66% pós-pagos. Apesar de a Vivo - controlada pela Telefônica, que está comprando a Telecom Italia, e pela Portugal Telecom - continuar líder, com 28,05%, ela teve uma redução em relação aos 28,11% de julho. A TIM (da Telecom Italia) caiu de 25,72% para 25,71%. A Claro (da mexicana América Móvil) aumentou sua fatia de 24,67% para 24,76%. A Oi (do grupo Telemar) também cresceu, de 13,08% para 13,12%.

A grande cartada da Oi foi a compra da licença paulista, por R$80,556 milhões, um ágio de 20%. Assim, também se prepara para a licitação de 3G, pois as concorrentes já têm base de clientes pronta no estado de maior poder aquisitivo. Para analistas, essa aquisição é até mais importante do que a Oi comprar licenças para ser nacional. Isso porque existe a possibilidade de uma fusão entre Telemar e Brasil Telecom, o que garantiria cobertura nacional.

A Vivo adquiriu, por R$13,014 milhões (o preço mínimo era de R$8,676 milhões), a licença para operar o serviço em seis estados no Nordeste. Arrematou ainda uma licença na área de Pelotas (RS) e em uma pequena região de Minas Gerais. A empresa comprou a Telemig Celular há cerca de um mês, mas a Anatel ainda precisa aprovar.

- É um mercado altamente concorrido que a gente acha que tem espaço para todos. Precisamos é concorrer todos com as mesmas armas, e praticamente todos agora têm licença nacional - disse o presidente da Vivo, Roberto Lima.

A disputa entre a Vivo e a Claro pela licença em Londrina e Tamarana, no Paraná, durou quase três horas, e vai custar R$5,8 milhões para a Claro, um ágio de mais de 1.200%. Esta era uma das duas áreas que faltavam para a Claro conseguir se tornar nacional. A outra licença comprada foi a do Norte.

- A Claro é a empresa que mais tem investido no país - disse o presidente, João Cox.