Título: Oposição destrava pauta do Senado
Autor: Vasconcelos, Adriana e Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 27/09/2007, O País, p. 3

Discussões em julgamentos no plenário não serão mais protegidas pelo sigilo.

BRASÍLIA.Os defensores da absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nos processos para perda do seu mandato, terão que enfrentar o rigor da cobrança da opinião pública nas votações das outras três representações que ainda tramitam no Conselho de Ética, caso elas cheguem ao plenário. Pouco antes da meia-noite, sob a presidência do próprio Renan, o plenário da Casa aprovou, por votação simbólica, o projeto de resolução do senador Delcídio Amaral (PT-MS) que muda o regimento e acaba com a sessão secreta para o julgamento de processos de cassação de mandato de senadores. Na votação da primeira representação contra Renan, no caso do lobista Cláudio Gontijo e repasses para a jornalista Mônica Veloso, 46 senadores, em sessão secreta, votaram contra ou se abstiveram , garantindo a rejeição do relatório de Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS), e sua a absolvição.

O fim da sessões secretas foi aprovado, em votação simbólica, depois de três horas de acirrados debates, no qual quase todos os parlamentares em plenário se manifestaram. Essa foi a exigência feita pela oposição para suspender a obstrução das votações que vinha mantendo desde a semana passada como forma de pressionar Renan Calheiros a se licenciar do cargo pelo menos até a conclusão de todas as três representações contra ele que tramitam no Conselho de Ética.

A mudança no regimento interno do Senado já deverá valer para os próximos julgamentos de Renan em plenário. Ele não quis se manifestar sobre o resultado. Pela manhã, o senador defendeu abertamente a manutenção das sessões secretas.

- Já não havia mais sessões secretas depois da decisão do Supremo - conformou-se Renan, referindo-se à decisão do Supremo Tribunal Federal que permitiu a participação de deputados na sessão de votação da primeira representação.

Ao final da votação, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou que todas as nomeações serão adiadas para a próxima terça-feira. Há ainda grande resistência no PSDB à nomeação de Luiz Pagot para a direção geral do Dnit.

Antes de destrancar a pauta de votações do Senado, o bloco de oposição ainda arrancou mais um compromisso dos governistas, garantindo que a CPI das ONGs será instalada na próxima quarta-feira e terá como presidente um representante do Democratas. A relatoria da CPI será oferecida a um representante da base aliada do Palácio do Planalto. Esse último acerto foi feito em plenário, depois que o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN), exigiu uma solução para o impasse da CPI das ONGs antes do início das votações.

- Estou esperando uma posição dos líderes da base sobre a CPI para que cumpramos a nossa parte do acordo de desobstruir a pauta - avisou Agripino.

Imediatamente, o líder do governo mobilizou sua tropa e aceitou entregar o comando da CPI para a oposição. A expectativa dos governistas é de que a nova CPI tenha um destino parecido com à do Apagão Aéreo, que acabou esvaziada diante da crise protagonizada por Renan. (Adriana Vasconcelos)