Título: Adiada votação da entrada da Venezuela no Mercosul
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 27/09/2007, Economia, p. 26

Novas críticas de Chávez levaram deputados a remarcarem decisão para 24 de outubro.

BRASÍLIA. A aprovação, pelo Congresso do Brasil, do protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul está cada vez mais longe de acontecer até o fim deste ano, como pediu recentemente o governo venezuelano. Os últimos ataques do presidente Hugo Chávez aos parlamentares brasileiros, proferidos na semana passada, em Manaus, levaram a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara a adiar, de ontem para 24 de outubro, a votação da matéria.

- As declarações de Chávez causaram estragos. Íamos votar o protocolo hoje (ontem) - admitiu o presidente da comissão, deputado Vieira da Cunha (PDT-RS).

Outro fator responsável pela prorrogação foi o artigo do ex-embaixador do Brasil nos EUA Rubens Barbosa, publicado domingo no GLOBO, alertando para o grande número de pendências técnicas no processo de adesão. Os parlamentares solicitaram mais informações ao Itamaraty. O título do artigo era "A Venezuela e o Mercosul".

- Acreditamos que os esclarecimentos chegarão até nós antes de 24 de outubro - afirmou Vieira da Cunha.

Em sua opinião, a questão não é tão complicada. O que prejudica mais são os arroubos de Chávez. O relator do protocolo de adesão, deputado Doutor Rosinha (PT-PR), já deu parecer favorável à aprovação. Assim que o texto for votado na comissão, será encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça e seguirá a plenário. Aprovado na Câmara, ainda terá de passar pelo Senado.

Cronograma de liberalização comercial ainda é dúvida

Os parlamentares têm dúvidas, por exemplo, quanto ao cronograma de liberalização comercial a ser apresentado pela Venezuela e sobre como o país pretende se adequar à Tarifa Externa Comum (TEC), usada em mercados fora do Mercosul.

Há cerca de três meses, Chávez chamou os parlamentares de papagaios dos EUA, devido a uma carta em que senadores pediam a renovação da licença da RCTV. Recentemente, ele disse que a demora na tramitação do protocolo de adesão devia-se "à mão do império" (os EUA).