Título: Setor de aviação civil brasileiro está em estado de ruína, dizem entidades
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 29/09/2007, O País, p. 3

Federações internacionais afirmam em nota que sistema aéreo é caótico.

WASHINGTON. Três das mais influentes entidades internacionais de tráfego aéreo voltaram à carga contra o Brasil, ontem, afirmando num comunicado oficial que, além de o sistema brasileiro do setor hoje ser caótico, "está num estado de ruína".

A manifestação ocorreu devido ao final da 36ª. Assembléia da Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO, na sigla em inglês), que coincide com o primeiro aniversário do acidente do Boeing da Gol com o jatinho da Legacy, de uma empresa americana.

Num comunicado conjunto emitido em Montreal, no Canadá, a Federação Internacional de Associações de Controladores de Tráfego Aéreo (Ifactca) e a Federação Internacional dos Trabalhadores no Transporte (ITF) disseram que aquele episódio e a tragédia com o Boeing da TAM, no Aeroporto de Congonhas, "ilustram dramaticamente que o sistema de aviação civil (brasileiro) está num estado de ruína".

O documento afirma ainda que "esses lamentáveis acidentes não precisavam ter acontecido", e que a reação das autoridades brasileiras - "incluindo a detenção de pilotos (do Legacy) e a ação judicial contra controladores de tráfego aéreo" -- servem apenas "para exacerbar os inúmeros problemas de um sistema em caos".

Para aquelas entidades, o fato de o governo estar operando o sistema com base em "pessoal desqualificado, é muito pouco para demonstrar o seu compromisso com padrões internacionais estabelecidos".

- O setor de aviação do Brasil está em crise. Os seus céus estão em perigo de cair num caos, e mesmo assim ninguém no governo parece estar dando atenção a isso. Uma ação deve ser tomada agora, antes que mais vidas sejam perdidas - disse Ingo Marowsky, secretário da ITF, ao divulgar o comunicado.

O texto conclui dizendo que a comunidade da aviação "deve insistir para que o Brasil, como membro da ICAO, cumpra totalmente as suas obrigações", e que é preciso ser tomada uma ação imediata. "Qualquer coisa menos do que isso vai garantir que o espaço aéreo brasileiro permaneça vulnerável, com o risco inevitável de contínuas perdas de vidas", afirmava a nota oficial.