Título: Os lares mais equipados com bens duráveis no Brasil são apenas 18,5%
Autor: Almeida, Cássia e Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 29/09/2007, O País, p. 14

Quando entra a internet nas casas, a parcela cai para 15,7%.

Ter luz elétrica, telefone fixo, computador, geladeira, TV a cores e máquina de lavar é um privilégio de apenas 18,5% dos 46,3 milhões de domicílios urbanos no país, de acordo com a Síntese dos Indicadores Sociais, do IBGE. O dado, que é um indicador de bem estar da sociedade, chegou a surpreender a coordenadora geral da pesquisa, Ana Lucia Saboia:

- Fiquei espantada com essa informação. São bens tão comuns para a classe média, mas estão presentes em só em 8,9 milhões de lares.

A internet é outro serviço pouco comum nas casas dos centros urbanos brasileiros. São apenas 15,7%, mostrando mais uma faceta da desigualdade no Brasil.

E as distorções regionais novamente aparecem com força. O menor percentual de domicílios com esses bens e serviços está no Nordeste: são apenas 6,5%, com a parcela menor no Piauí, de 3%.

A taxa de domicílios com acesso aos serviços públicos de água, esgoto e coleta de lixo sobe em relação à posse de bens: são 61,5% das casas. Mas a média esconde as diferenças de renda: enquanto os lares com ganho domiciliar per capita de até meio salário mínimo esses serviços estão em apenas 40,2% das casas; entre os que ganham mais de cinco mínimos, a taxa sobe para 81,9%.

Há 20,6% dos lares com ganho de até meio mínimo

O Brasil ainda convive com uma situação de renda concentrada que a distribuição dos domicílios por faixa de renda demonstra. São 20,6% dos lares onde os ganhos per capita limitavam-se a meio salário mínimo.

O Nordeste novamente aparece com os piores indicadores: são 39% das casas nessas condições. Enquanto no Sul, a taxa é de 12,5%.

Mas essa concentração de renda vem diminuindo ao longo dos anos. Na comparação entre as famílias que estão entre as 40% mais pobres e as 10% mais ricas, o abismo de renda ficou menor. Em 1996, a diferença entre os ganhos era de 23,4 vezes. Dez anos depois, caiu para 18,2 vezes. Atualmente, os mais pobres ganham em média 0,33 mínimo. Enquanto os 10% mais ricos recebem 7,65 salários.