Título: Taxa de gravidez aumenta entre adolescentes
Autor: Martin, Isabela e Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 29/09/2007, O País, p. 16

FORTALEZA e RIO. Em três meses, nascerá o bebê de Daniela Nunes de Oliveira, de 16 anos. Ela não usava métodos contraceptivos e assume que a barriga do sexto mês de gravidez é fruto do seu desejo de engravidar:

- A maioria das adolescentes engravida porque quer. Não é por falta de informação. Se não têm dinheiro para comprar preservativo, tem, de graça no posto de saúde, camisinha, pílulas ou injeção anticoncepcional.

A situação de Daniela se repete em 7,6% das adolescentes de 15 a 17 anos no país, segundo a Síntese dos Indicadores Sociais. Enquanto a taxa de fecundidade das mulheres continua a cair, chegando em 2006 à taxa de reposição (em média dois filhos por mulher), entre as adolescentes não pára de crescer. Em 2005, a taxa estava em 7,1%. Em 1996, elas representavam 6,9% das adolescentes nessa faixa etária.

O pai da filha de Daniela também é adolescente: Claudemir, de 17 anos, ajuda o pai na borracharia montada diante da casa. Com a gravidez, Daniela deixou a escola na 6ª série.

- Agora não tenho cabeça para isso. Depois que a Ruana nascer, eu volto.

O professor da Unicamp e economista Claudio Dedecca alerta para o que chama de bomba-relógio, com esse quadro:

- Não temos política pública para esse problema. E o mais dramático dessa situação: dados indiretos indicam que muitas dessas meninas engravidam depois de sofrer abuso sexual.