Título: Lula: diploma não é importante para Presidência
Autor: Barbosa, Adauri Antunes e Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 29/09/2007, O País, p. 19

Presidente diz que entrará para a História como quem mais construiu universidades públicas e escolas técnicas.

SANTO ANDRÉ (SP) e RIO. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que deverá passar à História como o governante que mais investiu em educação e na construção de universidades públicas e escolas técnicas no país. Em discurso no canteiro de obras da Universidade Federal do ABC, em Santo André, ele declarou que a falta de um diploma universitário não o impediu de chegar à Presidência:

- Vejam a ironia do destino. O metalúrgico que não tem diploma universitário vai passar para a História como o presidente que mais fez universidades e escolas técnicas no Brasil.

Lula disse ter sido vítima do preconceito por não ter um diploma universitário. Ele afirmou que saber gerenciar e tomar decisões políticas independem do tempo de estudo.

- Eu sei o tanto que fui vítima de preconceito neste país. Eu sei o tanto que foi difícil chegar à Presidência, porque se criou o dogma de que só poderia ser presidente quem tivesse diploma universitário. Os anos de escola servem para um milhão de coisas, mas para (tomar) decisão política é preciso, antes de tudo, saber de que lado se está e saber se tem consciência ou não (sobre) de que lado a pessoa está governando ou tomando posição.

Segundo Lula, a "revolução" que o governo está fazendo na educação poderia ter posto o país entre as três ou quatro maiores economias do mundo, caso os investimentos tivessem começado há 50 anos.

- Estamos fazendo uma revolução que, se tivesse começado a ser feita 50 anos atrás, o Brasil seria hoje uma das três ou quatro maiores economias do mundo, porque nós temos todas as condições.

Presidente reclama de preço alto dos livros

No Rio, para uma platéia de escritores, políticos e livreiros, Lula reclamou do preço dos livros. Durante a homenagem aos 110 anos da Academia Brasileira de Letras (ABL), Lula disse que, mesmo com a lei, de autoria do senador José Sarney (PMDB-AP), que isenta o setor de impostos, os valores cobrados pelos livros continuam altos.

- Nós imaginamos que, quando desoneramos o livro, o preço cairia, mas não caiu. Certamente aumentou o lucro das editoras - disse o presidente, que fez o discurso logo depois do senador José Sarney, orador da cerimônia.

O presidente afirmou ainda que fará, em 2008, as Olimpíadas de Português, nos moldes da de Matemática. E que, no próximo dia 4, vai anunciar metas na área de Cultura. A principal apontada por ele é chegar a 2008 com pelo menos uma biblioteca instalada em cada município brasileiro. Em 2003, segundo o presidente, havia 1.173 municípios sem biblioteca. O número caiu para 613 em 2007.

Sarney diz que Lula poderia ter entrado para a ABL

Sarney, em um discurso cheio de elogios a Lula, afirmou que o presidente poderia ter entrando na ABL. Como personagem literário. Ele afirmou que o Brasil tem orgulho da biografia de Lula:

- Vindo dos sertões tangidos pela seca, com mãos dilaceradas pelo trabalho das fábricas, que criatura humana de alma boa e pura. Vossa excelência poderia ter chegado aqui, não como presidente, mas como personagem das páginas de Rachel de Queiroz. de José Lins do Rego, de Jorge Amado.

Na cerimônia, foi entregue a medalha João Ribeiro, que contempla as instituições que contribuíram para o avanço do país na área de Educação. O presidente da Fundação Roberto Marinho, José Roberto Marinho, recebeu o prêmio em nome da instituição. Também foram premiados a Fundação Bradesco e o empresário Antonio Oliveira Santos, presidente da Confederação Nacional do Comércio.