Título: CPMF pode provocar troca-troca partidário no Congresso
Autor: Camarotti, Gerson e Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 30/09/2007, O País, p. 10

DEM será o principal alvo do governo, que tem maioria frágil no Senado; PR pode crescer até 80%, passando de 25 para 45 deputados.

BRASÍLIA. Preocupado com a necessidade de aprovação da CPMF no Congresso Nacional até o fim do ano, o Palácio do Planalto deu sinal verde para que os partidos da base aliada incorporem parlamentares da oposição. A prioridade do governo é o Senado, onde sua maioria é frágil. Mesmo na Câmara, onde a base aliada é maioria, o troca-troca partidário deve se intensificar esta semana, com 12 deputados podendo mudar de partido.

Tanto na Câmara como no Senado, o Democratas é o principal alvo do Planalto. Para abrigar os antigos oposicionistas, o PR se transformou numa espécie de sublegenda do governo. Até o próximo dia 5 - prazo final de filiação para quem vai disputar as eleições municipais do ano que vem -, a sigla deve crescer 80%, passando de 25 deputados eleitos para 45.

Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou pessoalmente na negociação. Chegou a ter uma conversa reservada com um dos principais opositores no Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), e o convidou para entrar para a base. Nessas articulações, o ministro dos Transportes e senador licenciado, Alfredo Nascimento, do PR, passou a ser o avalista das filiações. Com trânsito no Senado, a primeira mudança patrocinada por ele foi efetivada semana passada, com a filiação do senador César Borges (BA), que saiu do DEM em direção ao PR.

Quatro senadores devem deixar o DEM

Outras quatro mudanças para o PR estão sendo negociadas no Senado: além de Demóstenes Torres, estão em conversas adiantadas os senadores Romeu Tuma (DEM-SP), Edison Lobão (DEM-MA) e Adelmir Santana (DEM-DF).

O PR só não está conseguindo ampliar mais suas bancadas na Câmara e no Senado por causa do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre fidelidade partidária. A Corte decidirá se os mandatos pertencem aos parlamentares ou aos partidos pelos quais se elegeram. Na Câmara, o PR deve engordar mais esta semana. O partido, que se originou de uma fusão do PL com o Prona, começou a legislatura com 25 deputados. Até a semana passada, tinha alcançado a marca de 42. O líder da bancada, Luciano Castro (RR), prevê pelo menos 45 deputados:

- Nossa expectativa é com a decisão do Supremo. Isso porque irá criar um grande desconforto se o Supremo anular as trocas partidárias. São milhares de vereadores, centenas de prefeitos, senadores e deputados federais. Ou seja, essa questão atinge várias esferas políticas. Não entendo nada! Todo esse escândalo porque 17 deputados e alguns senadores mudaram para o PR? Estamos recebendo parlamentares porque estamos organizados e podemos oferecer os diretórios nos estados.

Na direção oposta, o senador petista Flávio Arns (PR) anuncia que deve deixar o partido e seguir para a oposição. Já recebeu convite, inclusive do PSDB, mas vai aguardar o julgamento do STF para decidir:

- Os episódios recentes tiraram o encanto. Houve uma grande articulação do partido para a absolvição de Renan. Há uma desqualificação permanente por parte do governo em relação aos movimentos sociais. Não há mais razão para ficar no PT.